Mesmo com o impacto das tarifas de 50% aplicadas pelos Estados Unidos sobre exportações brasileiras, a esperada queda nos preços dos alimentos teve efeito limitado no Brasil — e especialmente no Tocantins, onde a população segue enfrentando dificuldades para manter uma alimentação básica.
Em Palmas, após um breve alívio nos preços em agosto, quando foi registrada uma deflação nos alimentos, o cenário voltou a se tornar preocupante. Economistas alertam que, entre outubro e dezembro de 2025, os preços devem subir novamente devido ao aumento da demanda típica de fim de ano, somado a reajustes sazonais e impactos climáticos.
Relatos de moradores e levantamentos realizados em agosto apontavam que, mesmo com a queda temporária, o custo da cesta básica apresentava grande variação entre os estabelecimentos da capital. Além disso, os aumentos nos preços do gás de cozinha e em outros itens essenciais mantinham o custo de vida pressionado no estado.
Produtos como tomate, cenoura, ovo e café acumularam altas superiores a 10% apenas em 2025, impactando diretamente o orçamento das famílias tocantinenses. Fatores como clima instável — com temperaturas elevadas e chuvas irregulares — e o custo de produção elevado, influenciado pelo dólar alto e queimadas em áreas de pastagem, contribuem para a oscilação dos preços, especialmente de carnes e laticínios.
No cenário nacional, especialistas avaliam que o tarifaço norte-americano, que entrou em vigor em julho, não conseguiu reduzir os preços internos como se imaginava inicialmente. A medida, que impactou 36% das exportações brasileiras, levou o Brasil a buscar novos mercados, como China e Índia, o que evitou um excedente significativo de produção no mercado interno.
Com isso, os preços de alimentos no Brasil tiveram apenas uma retração modesta. Em setembro, as exportações brasileiras do setor agropecuário cresceram 18%, segundo dados do governo federal, enquanto as remessas de produtos taxados aos EUA caíram quase 26%. Ainda assim, itens como carnes e café mantiveram um desempenho de vendas positivo mesmo sob tarifas.
Para o Tocantins, esse equilíbrio instável do mercado global significa que o consumidor local segue à mercê de variáveis internacionais e regionais. Além disso, o recente acordo comercial entre EUA e China pode pressionar ainda mais o mercado brasileiro, retirando espaço das commodities nacionais e dificultando novos recuos nos preços.
“É possível que alguns itens fiquem ainda mais caros nos próximos meses, especialmente as carnes, por conta da entressafra e da alta demanda internacional”, alerta a economista Patrícia Lino Costa, do Dieese. Ela reforça que, uma vez reajustados, os preços de alimentos dificilmente retornam aos níveis anteriores — uma realidade já sentida em diversos lares tocantinenses.
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