Diversos alunos têm usado as redes sociais para se manifestarem contra uma proposta de aumento de 20% a 25% no valor das refeições do Restaurante Universitário (RU) da Universidade Federal do Tocantins (UFT).
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O Jornal Sou de Palmas entrou em contato com a Pró-reitoria de Assistência Estudantil (Proest), e segundo ela, os debates sobre a tarifa acontecem desde 2022, com o Fórum Permanente de Assistência Estudantil, os centros acadêmicos e o Diretório Central dos Estudantes (DCE), devido aos reajustes no contrato de concessão.
O setor também afirmou que o orçamento que mantém o RU é a mesma que assegura os auxílios saúde, inclusão digital, moradia e outros para os alunos com vulnerabilidade comprovada pela análise socioeconômica da UFT.
”Por isso que, quando aumenta o custeio do restaurante universitário, diminui o investimento nos auxílios assistenciais, atingindo os estudantes com mais vulnerabilidade socioeconômica… A UFT está discutindo o aumento apenas para os estudantes que não têm essas condições. Os demais continuariam tendo isenção total do pagamento ou pagando 10% do valor da refeição”, explicou a Proest.
A Pró-reitoria ainda destacou que o orçamento federal da Universidade para 2023 é o mesmo do ano passado, e isso somado aos reajustes no contrato dos restaurantes universitários, geridos por empresas terceirizadas, prejudicou o subsídio da tarifa do RU, que hoje custa R$ 2,50.
Assembleia contra o aumento
Por outro lado, ao Jornal Sou de Palmas, o presidente do DCE, Maykon Costa, se posicionou contra a proposta: ”Na nossa visão, a UFT está transferindo o risco do contrato de concessão do RU para os estudantes e isso é inadmissível… Ficamos sujeitos às alterações contratuais, na medida que há um reajuste, automaticamente o preço para os alunos aumenta”, disse.
Ele pontuou que o sistema que analisa as condições socioeconômicas dos alunos é tão burocrático, que muitos deles desistem antes de conseguirem os auxílios.
”Para o estudante ter uma refeição com preço justo, a UFT estará exigindo que ele passe pela análise socioeconômica, mas sabemos que esse processo dura 90 dias, é um burocracia muito complicada. A UFT não dá as condições para que esse processo seja feito de forma eficaz, o sistema é complexo, é uma forma de limitar o acesso dos estudantes ao RU, por exemplo”, completou.
Além disso, Maykon ressaltou que a proposta inicial era um aumento de 50%, que só foi reduzido após diálogos do DCE com a Proest e a Reitoria.
Por essas razões, uma Assembleia Geral dos estudantes do campus de Palmas foi convocada, que acontece no fim da tarde nesta quarta-feira (19), para ampliar essa discussão.
Importância dos restaurantes universitários
Os RUs fazem parte da política de assistência estudantil da UFT e fornecem alimentação de baixo custo à comunidade universitária. Eles estão presentes em Miracema, Porto Nacional, Arraias, Palmas e Gurupi.
Eles possuem capacidade para atender a demanda de até 2,5 mil refeições por dia e fazem parte da rotina de muitos estudantes, como o caso da Marcela Conrado, de 21 anos.
Ela conta que se mudou da Bahia para estudar jornalismo na Capital e entre gastos com moradia e o tempo das aulas e estágio, não consegue comprar ou fazer comida: ”A maioria das minhas refeições são feitas no RU, graças ao preço acessível consegui me manter no Tocantins e ainda assim comer bem”, disse.
Já para estudante de nutrição, Maria Regina Avelino, de 20 anos, que mora em uma cidade vizinha e precisa se deslocar todos os dias para o campus Palmas, o valor da tarifa do RU é fundamental para que ela consiga continuar seu curso: ”Durante a semana preciso passar dias inteiros na UFT e minhas condições só me permitem comer no RU”, contou.
A estudante e membro do Centro Acadêmico de Enfermagem, Ana Thereza, diz que o aumento é incoerente: ”Está fora das possibilidades dos alunos da UFT e vai fomentar a evasão dos universitários, visto que temos um processo de análise socioeconômica exclusivo, eles não conseguem acessar, como foi o meu caso”, falou.
Ana Thereza é quilombola, veio de outro estado e enfrenta dificuldades para permanecer na UFT, mesmo assim não conseguiu ter sua análise deferida: ”Muitos como eu deixam de fazer parte do programa, eu almoço todos os dias no RU e se passar de R$ 2,50 foge da minha realidade”, explicou ela.
Ou seja, de acordo com o relato de Ana Thereza, nem todos os alunos que usam o RU e não possuem a análise socioeconômica deferida tem condições de arcar com o aumento.
Conselho Universitário
A proposta deve ser apresentada no Conselho Universitário, que delibera sobre resoluções da Universidade. A próxima reunião está marcada para o dia 3 de maio.
Envie sugestões de pauta ou denúncia para o WhatsApp do Jornal Sou de Palmas: (63) 992237820