história dos papas é marcada por personagens emblemáticos, momentos de tensão política, atos de coragem e também episódios inusitados. Desde o primeiro sucessor de Pedro até o atual papa Francisco, a trajetória do papado guarda curiosidades que atravessam quase dois mil anos e continuam a surpreender até hoje.
Quem foi o primeiro papa da história e qual a sua verdadeira importância?
Segundo a tradição cristã, São Pedro foi o primeiro papa, nomeado diretamente por Jesus Cristo. Seu nome significa “pedra” em grego, simbolizando a base da Igreja. Pedro foi martirizado em Roma, crucificado de cabeça para baixo a seu pedido, por não se considerar digno de morrer como Cristo. Curiosamente, Pedro jamais usou o título formal de “papa” como conhecemos hoje — naquela época, era considerado apenas o “Bispo de Roma”.
Quantos papas existiram e qual foi o mais controverso?
Até hoje, 266 papas ocuparam o trono de São Pedro. Entre eles, alguns causaram grande polêmica, como Papa Alexandre VI (Rodrigo Bórgia), do século XV, acusado de corrupção e nepotismo. Seu papado foi um dos momentos mais criticados da história da Igreja, influenciando movimentos de reforma posteriores.
Já houve papas que não eram italianos?
Sim. Embora a maioria tenha sido italiana, 23 papas nasceram fora da Itália. Entre eles, destacam-se:
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Papa João Paulo II (Polônia), primeiro papa eslavo da história moderna;
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Papa Bento XVI (Alemanha);
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Papa Francisco (Argentina), primeiro papa latino-americano e também o primeiro jesuíta a assumir o trono papal.
No passado, também houve papas sírios, gregos, africanos e até da atual França.
Qual foi o papado mais curto e o mais longo?
O mais curto foi o de Papa Urbano VII, em 1590: governou apenas 13 dias e morreu de malária antes de ser coroado oficialmente.
O mais longo foi o de Papa Pio IX, que permaneceu 31 anos e 7 meses no poder, entre 1846 e 1878. Durante seu pontificado, houve a proclamação do dogma da Imaculada Conceição e a perda dos Estados Pontifícios, além da criação do Concílio Vaticano I.
Existem histórias curiosas sobre o processo de escolha dos papas?
Sim. No século XIII, a eleição de um papa demorou tanto que, em Viterbo (Itália), as autoridades trancaram os cardeais no local, reduziram a comida e chegaram a retirar o telhado do edifício para acelerar a decisão. Esse evento levou à criação formal do conclave moderno, que significa literalmente “com chave” (claustrado).
Outro fato interessante: até 1903, reis e imperadores europeus podiam vetar certos candidatos durante o conclave — direito abolido no início do século XX.
Já existiu uma mulher papa?
A lenda da Papisa Joana conta que uma mulher teria se disfarçado de homem e sido eleita papa no século IX, só sendo descoberta quando entrou em trabalho de parto em plena procissão. Embora essa história tenha sido muito popular durante a Idade Média, não há evidências históricas sólidas para confirmar sua existência, e hoje é considerada uma fábula.
Houve papas que renunciaram ao cargo?
Sim. Embora raríssimo, alguns papas renunciaram:
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Papa Celestino V, em 1294, renunciou voluntariamente após apenas cinco meses, preferindo retornar à vida eremita.
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Papa Bento XVI, em 2013, tornou-se o primeiro papa a renunciar em quase 600 anos, alegando motivos de saúde e idade avançada.
Algum papa foi capturado ou feito prisioneiro?
Vários papas enfrentaram situações dramáticas. Papa Pio VII, no início do século XIX, foi capturado por ordens de Napoleão Bonaparte e mantido preso por vários anos. Mesmo sob pressão, Pio VII manteve sua autoridade espiritual e retornou triunfante a Roma após a queda de Napoleão.
Outro episódio curioso envolve Papa Leão I, que teria dissuadido Átila, o Rei dos Hunos, de invadir Roma em 452 — apenas com palavras e sem armas.
Como o papel dos papas mudou ao longo da história?
Inicialmente, os papas eram líderes espirituais em uma Roma ainda pagã. Com a queda do Império Romano, passaram a exercer poder político, tornando-se governantes dos Estados Papais. Na Idade Média, eram figuras centrais em questões de guerra e paz entre reinos europeus.
Após a perda dos Estados Papais no século XIX, o papado se concentrou novamente na liderança espiritual. Hoje, o papa é visto como uma voz moral no cenário mundial, tratando de temas como direitos humanos, migrações, mudanças climáticas e desigualdades sociais.