Como a cultura misógina dos fóruns de internet se tornou tão perigosa
Nos últimos anos, o termo “Incel” tem ganhado destaque para descrever um grupo de jovens, em sua maioria do sexo masculino, que culpam as mulheres e tudo o que elas representam na sociedade por sua vida celibatária. O termo, derivado do inglês “involuntary celibates” (celibatários involuntários), é utilizado por esses indivíduos em fóruns da internet, onde compartilham experiências, frustrações e discursos de ódio contra as mulheres.
Esse tema voltou à tona com a repercussão da série da Netflix “Adolescência”, que retrata a história de um jovem acusado de assassinar uma colega de turma. Especialistas em comportamento apontam que o aumento de discussões sobre esse tipo de assunto pode influenciar ocorrências de ataques violentos. No entanto, ignorar o problema não impede que essas comunidades continuem se fortalecendo online, propagando discursos de ódio e incentivando violência contra minorias e pessoas vulneráveis.
Diante desse cenário, é essencial que tanto a sociedade quanto os órgãos públicos tomem medidas para conscientizar e orientar jovens e adolescentes sobre os perigos dessas influências tóxicas. É necessário promover debates, estimular o diálogo dentro das famílias e reforçar o papel da educação na prevenção desse tipo de comportamento. A série também ressalta um ponto crucial: o perigo nem sempre está apenas do lado de fora, mas pode estar acessível dentro dos próprios quartos dos adolescentes, por meio da internet.
Casos envolvendo incels são mais comuns nos Estados Unidos, onde essa subcultura encontrou maior adesão. No entanto, o problema não se limita a uma região específica. Enquanto alguns ridicularizam esses jovens por sua dificuldade em lidar com a puberdade e a rejeição, outros são pressionados precocemente a iniciar a vida sexual, seja por amigos ou pela mídia. Quando essas expectativas não são atendidas, muitos acabam buscando refúgio em fóruns online, onde encontram um ambiente que reforça suas frustrações e fomenta sentimentos de vingança.
Precisamos amadurecer esse debate em todos os espaços: dentro de casa, nas escolas e também na internet. Apenas através da conscientização e do diálogo poderemos evitar que mais jovens sejam capturados por essa cultura de ódio e violência.