4 de maio de 2024 14:16

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Mapa digital atualizado indica estoques de carbono no solo brasileiro

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Mapa digital atualizado indica estoques de carbono no solo brasileiro


Pouco mais de seis anos após a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) disponibilizar o primeiro mapa digital criado para identificar os estoques de carbono orgânico acumulados no solo brasileiro, o comitê Executivo do Programa Nacional de Levantamento e Interpretação de Solos no Brasil (PronaSolos) apresentou hoje (27) uma versão atualizada da ferramenta.

Disponível na página do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) na internet, o mapa é um instrumento valioso para a tomada de decisões sobre o manejo dos solos, seja no âmbito do poder público, ao qual compete, por exemplo, decidir sobre zoneamento ambiental, seja pela iniciativa privada, como no setor agrícola. Além de indicar a qualidade do solo, a presença do carbono fornece pistas importantes sobre a emissão de gases de efeito estufa, que contribuem para o aumento do aquecimento global.

“Isto é [uma iniciativa] muito importante para a sociedade brasileira em geral e para nossos produtores rurais [em particular], pois precisamos conhecer nosso maior patrimônio, que é o solo”, disse o secretário adjunto da Secretaria de Inovação, Desenvolvimento Rural e Irrigação do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Cléber Soares, acrescentando que o conhecimento sobre os estoques de carbono contribui para que o solo seja usado de forma ambientalmente correta.

“Dependendo da forma como o solo é utilizado, pode estar emitindo ou sequestrando carbono [da atmosfera], pois, quanto maior o conteúdo de matéria orgânica no solo, maior o poder deste sequestrar o carbono”, acrescentou Soares. Ele explicou que um solo degradado – seja por erosão, desmatamento, compactação ou outras causas – não só perde matéria orgânica e capacidade produtiva, como passa a emitir mais carbono para a atmosfera, contribuindo para o aquecimento global.

O secretário destacou que as informações contidas nas sucessivas atualizações do mapa digital de carbono orgânico nos solos brasileiros já vêm sendo empregadas para subsidiar o Programa Agricultura de Baixa Emissão de Carbono (ABC), com o propósito de reduzir a emissão de gases de efeito estufa pelo setor agropecuário.Mapa digital atualizado indica estoques de carbono no solo brasileiroMapa digital atualizado indica estoques de carbono no solo brasileiro

Maiores estoques

Em uma breve apresentação sobre os resultados verificados com a atualização do mapa, o pesquisador da Embrapa Solos Gustavo Vasques explicou que os maiores estoques de carbono presentes no subsolo brasileiro se concentram na região Sul do país e na Amazônia.

“No Sul, há grandes bolsões na região das serras, onde há solo formado por material mais rico e em altitude – um ambiente onde há uma boa produção de massa vegetal e que propicia o acúmulo [de matéria orgânica] porque a degradação é mais lenta devido ao frio”, afirmou Vasques. “Já na Amazônia, a produção de massa vegetal é muito grande. Então, apesar do clima quente e de muitas chuvas, o que promove a degradação, a ciclagem [absorção] de nutrientes é muito grande, o que promove o acúmulo de carbono.”

Em contrapartida, ressaltou o pesquisador, os solos do Pantanal e da Caatinga retêm menos carbono. “O Pantanal por ter um solo mais arenoso, menos argiloso, que, apesar da grande quantidade de água, mantém pouco carbono. E na Caatinga também temos estoques baixos devido às poucas chuvas, o que afeta a pouca produção vegetal, que é rala e aporta pouco carbono”, disse Vasques.

Ele destacou que, com estoque estimado de 36 bilhões de toneladas de carbono só nos primeiros 30 centímetros de profundidade, o Brasil, pela extensão de seu território, é um destaque internacional quando se trata do assunto. O fato foi também destacado pela coordenadora do Comitê Executivo do PronaSolo e chefe-geral da Embrapa Solos, Lourdes Mendonça Santos Brefin, que atribuiu ao uso racional dos solos “papel crucial e decisivo” nos esforços para conter o processo de mudanças climáticas.

“Trazer o solo para uma agenda global, para uma governança corporativa entre as instituições que trabalham com este recurso natural pode ter um papel muito importante nas mudanças climáticas. E estes mapas têm muito que ver com isto, com este entendimento, especialmente neste momento da COP26 [Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, previsto para o período de 31 de outubro a 12 de novembro, na Escócia], quando os solos agrícolas podem e devem ser parte da solução de mitigação das mudanças climáticas”, acrescentou.

Edição: Nádia Franco

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