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Conforme prevê a legislação eleitoral, os partidos políticos podem fiscalizar todas as fases do processo de votação e apuração das eleições bem como o processamento eletrônico da totalização dos resultados. Esta reportagem conta as histórias de um aposentado e de uma aposentada que já atuaram como fiscais de partidos quando a votação ocorria em cédulas de papel.
Ao resgatar memórias, Francisco Silva, 78 anos, lembra que, após a votação, começava ali a contagem dos votos que poderia durar dias seguidos. Quando havia interrupção na contagem, muitas vezes de madrugada, as urnas precisavam ser transportadas para local seguro até que recomeçasse a contagem no dia seguinte. Esse processo precisava ser escoltado pela polícia para evitar extravio dos votos e contava com a presença dos fiscais de partido em tempo integral.
Ele conta que, com o encerramento da votação, era feita uma ata de encerramento em que precisava especificar até mesmo o número de eleitores que votaram naquela seção. Todos que estavam trabalhando precisavam assinar o documento. “Após o encerramento das eleições, ficávamos aguardando orientação dos partidos para conduzir às urnas até o local de apuração”.
Francisco atuou como fiscal de partido por mais de 10 anos no município de Cidade Ocidental (GO), além de ter participado também como mesário em uma eleição específica, quando foi convocado na própria seção em que vota até hoje. “Estava na fila para votar e tive que substituir um mesário faltoso. Lembro que fui pego de surpresa, mas foi muito válido para mim porque foi uma experiência que eu ainda não tinha passado”, afirma ele.
Treinamento dos fiscais
Maria Teresinha Nunes, mais conhecida como Dona Maritê, atuou como fiscal de partido nas Eleições Gerais de 1994, em Brasília. Ela conta que havia uma preocupação por parte dos partidos para que os fiscais observassem qualquer movimento suspeito dentro da seção eleitoral.
“Eu fui treinada por três dias para ser fiscal, para observar tudo o que acontecia ali dentro da seção. Ver a questão da urna e as cédulas quando saiam de dentro da urna e como era feita a contagem”, diz.
Apesar do clima tenso, ela conta que não houve qualquer problema na seção eleitoral em que trabalhou. “Nenhum partido brigou com o outro, pois havia muito respeito ao ambiente”.
Dona Maritê lembra também de quando participou como mesária e escrutinadora no plebiscito de 1993 e afirma que o encerramento da votação era uma ação muito solene. “O juiz eleitoral foi lá, abriu a urna, disse umas palavras e, depois, na hora de contar os votos, todos ficavam concentrados”, lembra.
Ela reconhece que a chegada da urna eletrônica, a partir das eleições municipais de 1996, proporcionou um ganho de tempo enorme. “Depois que eu comecei a votar na urna eletrônica, achei tudo muito rápido, tranquilo e mais eficaz”, diz ela.
Esse texto faz parte da série “Voto em papel e fraudes”, que relata depoimentos de cidadãos e cidadãs que participaram de perto das eleições antes do sistema eletrônico de votação. A urna eletrônica foi um avanço tecnológico que eliminou a intervenção humana e tornou o processo eleitoral brasileiro um dos mais confiáveis do mundo.
EM/CM