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Uma das principais empresas de telecomunicações da Região Nordeste, a Brisanet vai se tornar agora operadora de telefonia móvel. A empresa foi um dos destaques do leilão do 5G. Com a compra de faixas regionais, ela reforça sua atuação no Nordeste e amplia a operação para o Centro-Oeste. Em entrevista ao GLOBO, Roberto Nogueira, CEO da companhia, diz que a compra foi estratégica. Por isso, já está programando o lançamento de serviços para fazer frente a rivais como Vivo, Claro e TIM.
Qual é o plano da Brisanet com a aquisição dos lotes nas regiões Nordeste e Centro-Oeste?
Vamos nos tornar uma operadora móvel. Acredito que os provedores que compraram as frequências em cada uma das regiões vão se tornar a quarta operadora do país, pois todos os blocos regionais foram adquiridos. O cenário mudou. Apesar da venda da Oi para as outras três operadoras, a empresa regional será a quarta operadora. Porém, com mais relevância porque é ela quem vai interiorizar o 5G, até pelos compromissos que foram assumidos para levar rede para as áreas com menos de 30 mil habitantes. Isso não será uma responsabilidade das grandes empresas.
Mas as ações da empresa chegaram a cair mais de 7% na Bolsa. Como o senhor avalia essa queda?
O mercado se assustou quando a Brisanet colocou R$ 1,250 bilhão (na faixa de 3,5GHz no Nordeste). Mas o fato é que já temos o plano de construir rede nas áreas urbanas e nas áreas rurais. Isso já está no nosso cronograma, construir rede. Fomos estratégicos. Nosso plano de expansão de fibra sempre foi muito arrojado. Somos os líderes em conexão de banda larga em fibra no Nordeste. E, para os próximos anos, quem não tiver 5G vai ter operação comprometida. O futuro é ter fibra e 5G. Não vai ser possível entregar esses serviços sem essa rede. Estamos na década da infraestrutura. E a década de 2030 será a dos serviços. Não podemos ficar vulneráveis. Muita gente não entende isso nem o motivo de estarmos gastando R$ 1,250 bilhão. Por isso, as ações caíram na hora.
O que muda em termos de concorrência? A Brisanet consegue competir com as grandes teles?
Hoje, 40% das casas no Brasil usam pré-pago. Não podemos falar que essas pessoas estão conectadas. O 5G vai trazer uma grande mudança nesse cenário, pois vai permitir mais conexão a preços menores. O mercado do interior é gigante, principalmente pela dificuldade das grandes empresas levarem rede para esses lugares. Vamos operar nas cidades grandes e médias, mas vamos liderar o 5G no interior do país, nas regiões Nordeste e Centro-Oeste.
Quais serviços a empresa pretende lançar?
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O 5G tem alta capacidade de entrega de dados. Até 2025, não enxergamos um mercado cativo de IoT (internet das coisas) porque ainda não tem um ecossistema de dispositivos 5G. Por alguns anos, o 4G ainda vai ser o responsável pela conexão de objetos, como rastreamento de veículos e agronegócio. Vamos explorar primeiro o que o 5G faz bem agora, que é conectar com alta capacidade, com o usuário em casa ou na rua; além de atender quem não tem rede ainda. Vamos explorar IoT, mas no momento certo.
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A Brisanet pretende se tornar uma operadora nacional?
Quando enxergamos que o Nordeste já era pequeno, fomos para o Centro-Oeste. Mas no futuro nada impede. Caso queira ir para outra região, a gente pode ir. Novas oportunidades vão depender do mercado.
Qual é o plano de negócios?
O nosso plano de investimento está focado em fibra e 5G. Já estamos em seis capitais do Nordeste com fibra óptica, como João Pessoa, Natal, Fortaleza, Maceió, Aracaju e Teresina. E vamos construir nas cidades de São Luís, Recife e Salvador já no próximo ano. E em 2022 a gente conclui fibra nas 200 maiores cidades do Nordeste. Em 5G, temos o compromisso de instalar antenas em cidades no Nordeste e Centro-Oeste até 2030, o que soma investimento de cerca de R$ 2 bilhões.
E como está a demanda por telecomunicações no Nordeste?
A demanda cresce. E continuamos crescendo, com adição líquida de clientes. Em 2021, o crescimento poderia ser melhor se a situação econômica estivesse mais favorável. A Brisanet atende a clientes de todas as classes. As faixas de renda C, D e E foram as mais afetadas, com perda de poder de compra, com o aumento nos preços das alimentos e isso prejudica os outros gastos. E essas famílias estão no limiar de poder ou não pagar por internet. A assinatura, mesmo que mais barata, é por volta de R$ 70 e, com uma situação econômica complicada, é um valor expressivo.