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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) criticou nesta quarta-feira a ativista indígena Txai Suruí, que discursou na conferência da ONU sobre mudanças climáticas, a COP-26, em Glasgow . Bolsonaro afirmou que Suruí foi para a conferência “para atacar o Brasil” e que isso não acontece em outros países.
Bolsonaro reconheceu que sofreu críticas por não ter participado da COP-26 e comparou Suruí ao cacique caiapó Raoni Metuktire, um dos líderes indígenas brasileiros mais reconhecidos no exterior. Em 2019, ao participar da Assembleia-Geral das Nações Unidas, o presidente citou Raoni ao falar que indígenas “são usados como peça de manobra por governos estrangeiros”.
“Estão reclamando que eu não fui para Glasgow. Levaram uma índia para lá, para substituir o Raoni, para atacar o Brasil. Alguém viu algum alemão atacando a energia fóssil da Alemanha? Alguém já viu (alguém) atacando a França porque lá a legislação ambiental não é nada perto da nossa? Ninguém critica o próprio país. Alguém já viu o americano criticando as queimadas no estado da Califórnia? É só aqui”, disse Bolsonaro, em conversa com apoiadores no Palácio da Alvorada.
Fundadora do Movimento da Juventude Indígena em Rondônia, Suruí discursou na segunda-feira na COP-26, criticou “mentiras vazias e promessas falsas” e, sem citar diretamente o governo brasileiro, disse que os povos indígenas precisam participar das decisões sobre as mudanças climáticas.
“Tenho apenas 24 anos, mas meu povo vive na Floresta Amazônica há pelo menos seis mil anos. Meu pai, o grande chefe Almir Suruí, me contou que devemos ouvir as estrelas, a lua, o vento, os animais e as árvores. Hoje, o clima está esquentando, os animais estão desaparecendo, os rios estão morrendo e as nossas plantações não florescem como no passado. A Terra está falando: ela nos diz que não temos mais tempo”, disse ela.