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Uma série de documentos internos vazados, conhecidos como Facebook Pappers, revelam alguns dos principais problemas que o Facebook vem enfrentando nos últimos 3 anos. Mas parece que, dessa vez, a rede de Zuckerberg está mais fragilizada: 45% dos jovens devem fugir da plataforma até 2023, e existe dificuldade para moderar desinformação em países emergentes. A cereja do bolo é a Apple ameaçar retirar Instagram e Facebook da App Store porque a rede social estava sendo usada para recrutar, selecionar e traficar seres humanos.
O Facebook enfrenta seu maior escândalo desde o episódio da Cambridge Analytica, que acessou dados de 80 milhões de usuários sem permissão.
Seguido do depoimento da ex-gerente de produto do Facebook, Francis Haugen, que disse ao Congresso dos EUA que a empresa prioriza lucro sobre o “bem-estar”, a rede social de Mark Zuckerberg agora enfrenta o vazamento de documentos internos bem reveladores.
Após tráfico humano, Facebook sofreu pressão da Apple
Para começar, o Facebook foi usado no Oriente Médio para compra e venda de seres humanos. A rede social já sabia do problema de tráfico humano na região antes de 2018, mas a questão escalonou em 2019. “[Nossa] plataforma permite todos os três estágios da exploração humana (recrutamento, facilitação e exploração) por complexas redes de contatos na vida real”, revela o documento interno.
Com isso em mente, há 2 anos atrás, a Apple ameaçou banir o app do Facebook e do Instagram da App Store. Somente após a pressão de Cupertino, a empresa de Zuckerberg resolveu montar uma força tarefa para monitorar redes de compra e venda de pessoas.
“Remover nossos apps das plataformas da Apple teria sérias consequências aos negócios, incluindo privar milhões de usuários ao acesso de IG & FB”, aponta o documento obtido pela CNN . “Para mitigar esse risco, nós formamos um grande grupo de trabalho que operava 24 horas para criar uma estratégia de resposta”.
Facebook é incapaz monitorar conteúdo mesmo com IA
Além disso, o Facebook tem dificuldade para controlar desinformação em países que não falam inglês. Após ser acusada de facilitar o genocídio dos Rohingya, em Mianmar, a rede social se comprometeu a contratar mais pessoas locais para monitorar fake news.
Mas um documento de 2021 revelam que o Facebook simplesmente não contratou o suficiente para impedir conteúdo enganoso em países que falam árabe, como Arabia Saudita, Iêmen e Líbia. Também há dificuldades para moderar discursos de ódio na Índia, um dos maiores mercados da plataforma no mundo.
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Samidh Chakrabarti, líder de Integridade Cívica do Facebook, escreveu em um memorando interno em 2019:
“A dura realidade é que nós simplesmente não conseguimos cobrir o mundo inteiro com o mesmo nível de monitoramento.”
Uma das formas que o Facebook encontrou para tentar resolver a falta de moderação foi o uso de inteligência artificial.
Desde 2019, a companhia se gaba de que as ferramentas autônomas são capazes de identificar desinformação e discurso de ódio dentro da rede social, e chegou a dispensar moderadores humanos para priorizar sua IA. Novamente, documentos relatam que isso não está dando certo.
De acordo com um grupo de pesquisadores, o Facebook só toma alguma ação — seja apagar, banir o post ou o autor — em apenas 3% a 5% de publicações com discurso de ódio. Esse número é ainda menor quando se tratam de postagens que contém violência: 0,6%.
Outro documento aponta que esse percentual não deve ir de 10% a 20%, porque é “extremamente desafiador” para a IA do Facebook entender o contexto em que a linguagem é utilizada no post.
Jovens e adolescentes estão deixando o Facebook
Por fim, o Facebook Pappers revela que os jovens estão deixando de usar o Facebook e migrando para outras redes. E a plataforma de Zuckerberg não sabe como atraí-los de volta.
Dados de um pesquisador dão as dimensões do êxodo: nos EUA, a taxa de usuários adolescentes no Facebook caiu 13% desde 2019. Nos próximos 2 anos, espera-se que 45% dos jovens deixe completamente a rede, segundo documentos revelados pelo The Verge . Francis Haugen contou ao Congresso que a empresa sabia dos efeitos nocivos do Instagram sobre a saúde mental de garotas adolescentes, mas não fez nada a respeito.
Com informações: ArsTechnica , Cnet e Mashable
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