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Brasília (28/10/2021) – Nos painéis do seminário Campo Futuro – como tornar a agropecuária mais atrativa economicamente em 2022, na quinta (28), especialistas destacaram a gestão e o controle da produção como meios para enfrentar o aumento no preço dos insumos e a volatilidade do mercado.
O primeiro painel discutiu a temática agrícola, com a palestra Perspectivas de custos com insumos agrícolas, de Marcelo Mello, gerente da Mesa de Fertilizantes na StoneX. Segundo ele, há indícios de possíveis retrações nos preços de fertilizantes apenas no segundo trimestre do ano que vem.
Ele lembrou que os fertilizantes representam cerca de 30% do custo de produção das principais culturas agrícolas; a boa gestão de suprimentos tem grande impacto na rentabilidade do produtor; portanto, é importante ter uma estratégia proativa de gestão de riscos de preços de fertilizantes.
“Cortes significativos vão ocorrer e por isso os preços vão cair. Daí a necessidade de um plano de gestão de riscos e de tomar as decisões de forma racional e com estratégias adequadas. Porém, não vejo uma situação de desabastecimento de fertilizantes”, disse.
Mello ressaltou que o problema é que a demanda por esses produtos no mundo está forte, além das várias crises como alta do dólar, falta de matéria-prima para a produção, que elevaram o preço.
“Todo mundo está pagando alto, não é algo do Brasil. O problema do preço é internacional, mas o mercado vai se reajustar.”
O consultor e professor da Universidade de São Paulo, Marcos Fava Neves, faltou sobre como melhorar os resultados do negócio no setor de frutas e hortaliças. Ele afirmou que a cadeia dos hortifrútis tem grandes oportunidade levando em consideração os novos hábitos de consumo e os novos canais de distribuição que tem facilitado a venda.
“Houve uma revolução na cadeia, apesar do setor ter sido prejudicado pelo clima, consumo per capita ser pequeno e a alta do petróleo, influenciando o preço do frete. Porém, é importante procurar construir bons relacionamentos, ter um bom comportamento financeiro, caixa, além de saber a hora de comprar e vender.”
Fava Neves afirmou a importância do cooperativismo e associativismo para a cadeia, o uso de tecnologia para produzir com mais sustentabilidade, mas ressaltou que é importante controlar toda a produção para evitar desperdícios e buscar “ficar melhor antes de ficar maior”.
Ainda no primeiro painel, Carlos Ortiz, Senior Associate da Centrec Consulting Group, falou sobre quais estratégias usar para melhorar os resultados econômico-financeiros em 2022 nas cadeias de grãos, cana e café.
Segundo ele, é necessário construir mecanismos para lidar com os ciclos de preços das commodities. “Mas não é algo que se faz de um dia para o outro, é uma estratégia.”
Ele destacou a importância de ter liquidez de caixa, trabalhar as compras de insumos e a precificação do produto em conjunto, manter uma estrutura de custo flexível e fazer investimentos de forma calibrada.
“O produtor tem que buscar muita eficiência, estrutura de custo bem leve e flexível para reter lucro. Quando o lucro está acima do capital próprio, o crescimento é mais seguro.”
Ortiz disse ainda que os desafios para 2022 em relação aos custos, entre outras questões, são as taxas de juros e de câmbio que interferem nos preços de insumos dolarizados, a proteção de riscos da atividade versus eficiência na produção, a oferta de insumos como fertilizantes, moléculas para medicamentos e os custos de energia.
O segundo painel tratou da pecuária, e iniciou com Thiago Bernardino de Carvalho, professor e pesquisador do Cepea/Esalq-USP, que falou sobre as perspectivas de custos com insumos pecuários.
De acordo com ele, há um desequilíbrio entre oferta e demanda, além da alta do dólar e dos fertilizantes estar pressionando a produção de milho e soja, componentes da alimentação animal.
“A compra desses insumos está fazendo com que o pecuarista dispenda mais arrobas de boi. Pelo lado da pecuária de leite podemos ter em 2022 a queda do preço do milho com a tendência de melhorar essa relação litros de leite/saca de milho.”
Carvalho pondera que o pecuarista que está investindo e melhorando seus fatores de produção está tendo uma margem maior mesmo com custo elevado tanto na produção de leite quanto de corte. “Os custos tendem a subir ainda no primeiro semestre de 2022 devido ao dólar e a oferta de alguns produtos, mas ao longo do ano se dissipa.”
Lygia Pimentel, diretora executiva da Agrifatto Consultoria, explicou sobre a volatilidade dos preços do boi gordo durante a palestra Gestão além de custos – o que mudar para ter margens mais favoráveis?
“Desde 2017 não temos um ano normal no preço do boi gordo e isso imprime risco na atividade no primeiro momento. Por isso é importante aplicar tecnologia na propriedade para diluir os custos fixos e melhorar a produção por área.”
A executiva argumentou que o cenário será desafiador a partir do próximo ano e reforçou que a chave para aumentar as margens está “na boa gestão dos índices que mais interferem no resultado operacional do negócio que são os custos de desembolso, o ganho de peso diário, o valor de venda da arroba e a taxa de lotação.”
Lygia mostrou ainda uma “tríade de ouro”, que segundo ela são os componentes da comercialização de sucesso: diagnóstico econômico, gestão de riscos e análise de mercado.
O CEO Agripoint, Marcelo Carvalho, fechou o segundo painel falando sobre “Atratividade do negócio: o que medir para alcançar melhores resultados com a atividade da pecuária de leite”.
O especialista destacou alguns pontos de atenção para 2022 relacionados à produção de leite que são preço dos insumos, principalmente aqueles utilizados na alimentação animal, juros, câmbio, preços internacionais, crescimento ou ausência da economia e renda e agenda política.
“Fazer o acompanhamento do mercado é fundamental, lidando com custos altos e margens baixas ao saber o que comprar e o que gera ou não resultado na propriedade para evitar desperdícios. A alimentação é o principal item de custo, por isso a conversão alimentar tem grande relação com a rentabilidade do produtor.”
Marcelo Carvalho falou da importância do produtor de leite investir na produção, mas capturar os resultados, “porque senão, depois, ficará pior do que antes do investimento, porque gastou e não vai ter o benefício. É importante entender o modelo de negócio para ganhar dinheiro”.
Ele disse ainda que os fatores críticos para o sucesso no leite são custo da alimentação e conversão alimentar; pacote tecnológico versus modelo de negócio; preço da terra versus produtividade por hectare; produtividade por vaca e escala de produção.
“Ir além da commodity é entender o que os laticínios em sua região estão buscando, pensar em bonificações de qualidade, no bem-estar dos animais e boas práticas e nos nichos de mercado como leite A2, orgânico e produtos artesanais.”
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