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O bitcoin, moeda virtual que ganhou o mundo físico após valorização e queda históricas em 2017, é a aposta de uma casa de câmbio carioca para impulsionar as negociações de dólar.
A rede Europa Câmbio começa nesta segunda-feira (6) a aceitar a criptomoeda como forma de pagamento em transações regulares de compra e venda de moedas estrangeiras.
As operações já passaram pela fase de teste e começam a ocorrer na unidade do Shopping Leblon, na zona sul do Rio de Janeiro, e nas lojas online, com entrega também para a Grande São Paulo.
A previsão é que, até o fim de junho, as 25 unidades físicas da rede consigam realizar a transação, que segundo o empresário Túlio Ferreira dos Santos, fundador da empresa, vai demorar até três segundos para ser concretizada. “O processo é como uma compra normal. Temos uma maquininha de cartão que faz a transação”, explica.
Tecnicamente, o processo é uma espécie de “puxadinho”, já que o bitcoin não é considerado um ativo financeiro no Brasil. A criptomoeda sai da carteira virtual do comprador para a de uma corretora que pertence à loja de câmbio. Esta se encarregará de liberar o valor em real na conta da agência da Europa. “Oficialmente, toda transação com a casa de câmbio é em real. Não tem nenhuma zona cinzenta de legislação ai”, explica Santos.
O processo é uma espécie de ‘tropicalização’ do que faz a fintech americana Bitpay, referência empregada pela casa de câmbio brasileira nesse novo serviço.
A Bitpay é hoje a principal empresa de solução financeira do mundo para o mercado de criptomoedas, responsável pela tecnologia da Amazon, Microsoft e Uber, que já aceitam pagamentos em bitcoins nos Estados Unidos. No ano passado, a Bitpay intermediou US$ 1 bilhão em negócios com moeda virtual no país.
No Brasil, quem quer usar diretamente a criptomoeda para operações de câmbio e pagamento de contas precisa recorrer a algumas improvisações, muitas vezes à margem das legislação.
A Atar, do empresário Orlando Purim, gera boletos para pagamentos instantâneos e, em parceria com algumas corretoras, como a catarinense Stratrum, aceita o uso de criptomoedas diretamente na economia real. Um exemplo de como esse processo funciona é o do americano Timothy Scher, que mora no Canadá e tem negócios no Brasil.
Ele emitiu um boleto da Atar de US$ 1 mil para uma conta sua do Nubank e, assim, com bitcoin, conseguiu pagar contas no País sem recorrer ao envio de dinheiro via sistema bancário tradicional. “Foi de graça, só poucos centavos pelo custo de um boleto e, acho, que não cometi nenhum crime”, diz.
Valorização
Neste mês, a cotação do bitcoin superou a barreira de US$ 5,4 mil, alcançando assim o maior patamar em cinco meses. A atual cotação era o teto programado por investidores para vender a criptomoeda e, ao rompê-la, os investidores já projetam a moeda virtual na casa dos US$ 6 mil.
Para Tatiana Revoredo, membro-fundadora da Oxford Blockchain Foundation e especialista em blockchain pela Universidade de Oxford e pelo MIT, “o atual ciclo de alta do bitcoin pode ter sido iniciado artificialmente por quem ‘produz’ a criptomoeda na internet, atividade conhecida por mineração”, diz.
A explicação para isso é a queda de lucratividade na produção do bitcoin prevista para 2020. A cada quatro anos, o algoritmo que criou a criptomoeda reduz pela metade o prêmio pela mineração. Hoje a recompensa para cada bloco minerado é de 12,5 bitcoins. Esse prêmio vai cair para 6,25 bitcoins em 23 de maio de 2020. O preço da unidade, porém, tende a subir cerca de um ano antes da mudança na recompensa. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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