O Brasil perdeu, nos últimos quatro anos, mais de 4,6 milhões de leitores, segundo dados da pesquisa Retratos da Leitura no Brasil. Em um país em que apenas 52% da população lê e 11 milhões de pessoas são analfabetas, ainda há quem crie iniciativas voltadas para o incentivo à leitura.
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Unindo a paixão pela educação e por obras literárias, a professora Marynalva Silva Abreu Reis, de 42 anos, desenvolveu, em 2016, um projeto voltado para crianças e adolescentes de Tocantinópolis. Inicialmente, o Clube de Leitura Blackout Virtual (CLBV) foi criado pela pedagoga como uma alternativa para resgatar o filho mais velho dos jogos eletrônicos e instigar seu interesse pelo mundo da literatura.
“Sempre incentivei o meu filho primogênito a ler. Fazer a leitura de livros literários infantis com ele era um hábito rotineiro. Entretanto, ao chegar aos 10, 11 anos, o meu filho perdeu completamente o interesse pela leitura. Outras atrações, como os jogos eletrônicos, substituíram o livro. Daí busquei alternativas para resgatar o meu filho para o mundo da leitura, então, tive a ideia de reunir os coleguinhas dele para ler, trocar experiências literárias, brincar e bater papo. Fiz convites personalizados, organizei um lanche e convidei os pais e as crianças para apresentar a minha proposta de criação de um clube de leitura”, disse Marynalva.
O CLBV possui muitas e diversificadas atividades. Tendo como programação encontros semanais de leitura e trocas de experiências literárias. O destaque está para o Festival Literário e Cultural (FLITOC), que é aberto ao público e conta com apresentações culturais, recital de poesias, peças teatrais, festival de música e homenagem a escritores locais e regionais.
Incentivo
A possibilidade de conhecimento amplo de culturas, a construção de um vocabulário rico, o desenvolvimento da capacidade de imaginação e a possibilidade de criar histórias são alguns dos muitos pontos positivos do hábito da leitura.
Para a presidente do Clube, a criação de atividades que incentivem esse hábito contribui com a construção coletiva de aprendizados, “a leitura é o principal mecanismo para a apropriação do conhecimento e perpetuação da cultura, sendo uma importante ferramenta para a inclusão sociocultural e para o desenvolvimento intelectual do leitor”, comentou.
Conquistas
Em 2018, o CLBV foi declarado de Utilidade Pública Municipal, pela Câmara de Vereadores de Tocantinópolis, por meio da Lei nº 1.053, de 19 de outubro de 2018.
Já em 2021, o Clube de Leitura foi destaque na pesquisa nacional “O Brasil que Lê”, desenvolvida pelo Instituto Interdisciplinar de Leitura da PUC-Rio, Cátedra Unesco de Leitura da PUC-Rio, pelo Itaú Cultural e pela JCastilho Consultoria.
O objetivo da pesquisa “O Brasil que Lê” é mapear, sistematizar e analisar metodologias, tecnologias e práticas de incentivo à leitura realizadas no Brasil.
Falta de Apoio
Apesar do relato positivo de Marynalva, a professora conta que a falta de recursos financeiros para a aquisição de materiais, a ausência de reconhecimento e apoio do poder público são alguns dos desafios enfrentados pelo projeto.
Mesmo após a aprovação da Lei nº 1.053, a presidente afirmou que ainda não conseguiu firmar parceria com o poder público local.
Doações
Registrado como projeto de extensão da Universidade Federal do Norte do Tocantins (UFNT), o clube organiza, durante todo o ano, uma campanha para arrecadação de livros.
“Todo o acervo da nossa biblioteca é oriundo de arrecadações, estamos sempre aceitando doações. Podem ser doados livros novos e/ou usados de literatura brasileira e/ou estrangeira”, explicou a pedagoga.
Vale ressaltar que, como o Clube não possui recursos próprios, todas as atividades realizadas contam com a participação de diversos voluntários.
Mais informações sobre o Clube de Leitura Blackout Virtual (CLBV)
O Clube de Leitura Blackout Virtual (CLBV) foi fundado em agosto de 2016, em Tocantinópolis, como uma Associação sem fins lucrativos, políticos ou religiosos, com fins culturais, artísticos e esportivos. Suas ações são voltadas para o público infantil e juvenil e o seu foco é oferecer alternativas para preencher e tornar-se mais produtivo o tempo das crianças e adolescentes, aproximando-os dos livros literários, sejam eles impressos ou digitais e incentivando-os a praticarem atividades culturais, esportivas, de lazer e entretenimento.