Conhecido como “O Pastor Mirim”, os vídeos do jovem Miguel Oliveira têm ganhado grande repercussão nas redes sociais e trazido à tona um debate importante: até que ponto uma criança ou adolescente deveria ser envolvido em questões de ordem religiosa? E quais os impactos disso em seu crescimento e amadurecimento? A história tende a se repetir e quem acompanha as redes sociais sabe que esses “pastores mirins” frequentemente surgem em cima de altares de igrejas, executando os mesmos trejeitos e frases típicas de pregadores pentecostais. Existe quase uma fetichização por gênios infantis na sociedade, o que impede as crianças de serem quem são: crianças.
Miguel tem sido “comprimido” dos dois lados: de um lado, uma parcela do público apoia e dá credibilidade às suas pregações e aparições; de outro, surgem chacotas e memes sobre suas “línguas espirituais” e “profecias”.
Contudo, há ainda uma terceira e mais preocupante via: aqueles que atacam de maneira incisiva o garoto, acusando-o de charlatanismo, falsidade profética e coisas ainda piores. Ataques desse tipo não são incomuns a figuras religiosas ou a personalidades que entram no mainstream prometendo milagres, mas, neste caso, trata-se de um menor de idade — alguém que deveria estar sendo protegido por seus responsáveis, que deveriam avaliar e autorizar (ou não) essa ampla exposição e suas consequências.
Todos sabemos que a internet é, há tempos, uma “terra de ninguém”, onde aqueles que se expõem arriscam-se diante de um público volátil, que ama, odeia, cancela e endeusa em questão de minutos. Diante disso, será mesmo que esse deveria ser o lugar para um menino tão jovem? Que efeitos a alta exposição, a adoração e a rejeição terão, a longo prazo, sobre uma mente ainda em formação? Sem falar em toda questão ética envolvendo arrecadação de ofertas em “pix” e promessas infundadas, o que pode acabar incorrendo em problemas futuros para ele e as pessoas que estão por trás de todo este cenário.
Essas são perguntas que os pais de Miguel deveriam estar se fazendo, assim como as autoridades de proteção à criança e ao adolescente. Aqueles que promovem ataques e ciberbullying, imaginando proteger os fundamentos da fé cristã, podem até se sentir convictos dessa missão insana. No entanto, pensar que uma fé que resistiu a séculos de perseguições e provações irá ruir por causa de um influenciador da internet é, no mínimo, um delírio.
É preciso, antes de tudo, cuidar desse menino — permitir que ele tenha uma infância plena, que amadureça no tempo certo, como qualquer criança da sua idade. E, no momento oportuno, que ele possa, com consciência e liberdade, decidir seguir ou não a sua vocação de fé.
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