A Prefeitura de Taubaté (SP) cancelou nesta quinta-feira (22) a apresentação do comediante Léo Lins no Teatro Metrópole por considerar o teor das piadas, mostradas em um vídeo de divulgação do artista, como ofensiva à imagem e honra do município, de algumas autoridades e da população. O comediante definiu a atitude do governo como censura e disse que vai providenciar um novo espaço para apresentar a atração no fim de semana.
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Segundo a prefeitura, que administra o teatro, o humorista infringiu as normas de uso do teatro ao afrontar os princípios da ética e respeito. Na notificação entregue à produção do artista, é citado que é prática usual dele denegrir a imagem dos municípios por onde passa. Léo avaliou a atitude como arbitrária.
No vídeo, viralizado nas redes sociais e aplicativos de mensagens desde começo desta semana, Léo faz referência a ‘personagens’ ilustres da cidade; fatos históricos e da política atual, incluindo citações ao prefeito Ortiz Jr. (PSDB) e a vereadores.
O comediante brinca, por exemplo, com o suposto costume dos taubateanos em não usarem seta no trânsito, e com a violência no Parque Três Marias.
O material de divulgação tem três minutos e meio e sugere, em outro trecho, que outros políticos da cidade são desonestos e relaciona um deles com à história da falsa grávida de Taubaté. Também são feitas piadas com taubateanos ilustres, como Cid Moreira e Mazzaropi.
Para a prefeitura ‘não dá para encarar isso como uma forma de humor’ e o vídeo é ofensivo e pejorativo.
Show cancelado em Palmas
Em julho deste ano, a Prefeitura de Palmas, por meio da Fundação Cultural, reincidiu o contrato de concessão de uso do espaço público do Teatro Fernanda Montenego, no Espaço Cultural, para a realização do ”Espetáculo Stand Up Comedy”, com o humorista Léo Lins.
A decisão foi tomada após o humorista divulgar um vídeo intitulado ‘A história de Palmas/TO, segundo seus moradores’. Nele, Léo Lins faz comparações polêmicas, em um dos trechos do vídeo, Lins chama as mulheres de Palmas de ‘piranhas’ e compara a cidade ao inferno, em razão do calor, além de dizer que a pedra de crack (droga) foi lançada em 1995 no setor Taquari, sul da Capital.
Continuando em Taubaté…
Em entrevista ao site de notícias G1, o humorista lamentou o cancelamento do show no Teatro Metrópole, mas lembrou que esse não foi o primeiro episódio em sua carreira. “Infelizmente não recebi com surpresa, já passei por mais de 20 episódios como esse. Escrevo um texto cômico e me espanta ver o pessoal se sentindo agredido. Não entendo como se ofendem com algo tão simples e banal”, avaliou Léo.
O artista explicou que cria os vídeos com base em relatos dos próprios moradores. “É uma ferramenta de divulgar o show. Entendo e acho compreensível que algumas pessoas não gostem de algumas piadas e pra mim isso é bom, porque quem não gosta não vai. Eu quero no teatro quem olha e acha legal”, disse o comediante.
Até a manhã desta quinta, segundo o artista, mais da metade dos cerca de 500 ingressos da peça já haviam sido vendidos. As entradas custam até R$ 60. Um novo espaço para a apresentação é procurada agora pela produção do show.
A prefeitura informou na notificação que vai devolver ao organizador o dinheiro da locação do Teatro Metrópole. As partes não informaram o valor ao site G1, mas Léo Lins disse que não tinha sido reembolsado até a noite desta quinta-feira.
O que diz a prefeitura de Taubaté
Procurada para repercutir a decisão, a prefeitura informou que não comentaria o assunto. “A Prefeitura de Taubaté mantém o teor do comunicado enviado ao artista”, respondeu a assessoria de imprensa após questionamentos da reportagem.
Ainda no documento de notificação enviado à produção do stand up “Léo Lins – Bullying Arte”, a prefeitura diz que sempre esteve aberta para arte, mas que não compactuaria com o que chama de ‘ofensa gratuita à nossa gente e à nossa história’.
Sobre a norma de uso do teatro, que Léo Lins teria infringido, a prefeitura não quis dar detalhes sobre o regimento do espaço.