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A Superintendência da Polícia Federal do Distrito Federal (PFDF) instaurou inquérito para investigar as ameaças de morte recebidas por diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Os ataques virtuais, aos quais O GLOBO teve acesso, foram motivados pela possibilidade de aprovação de vacinas contra a Covid-19 para crianças.
A Anvisa solicitou segurança à PF para os alvos das intimidações. Questionada pelo GLOBO, a corporação não respondeu se vai atender ao pleito.
A PF não forneceu detalhes sobre o caso, nem informou se a investigação engloba os dois ataques virtuais recebidos pela agência ou só um deles. As duas mensagens foram enviadas por e-mail e, aparentemente, têm remetentes distintos.
A primeira ameaça foi endereçada aos cinco diretores da agência e divulgada na sexta-feira da semana passada, um dia após a Pfizer anunciar que pediria, em novembro, aval para aplicação do imunizante para os de 5 a 11 anos. Na última quinta, o Instituto Butantan informou que enviaria os dados solicitados para a aprovação da CoronaVac para a faixa etária de 3 a 17 anos. Segundo a Anvisa, porém, não há pedidos sobre vacinas em análise para crianças até o momento.
Na mensagem, o autor, que mora no Paraná, escreve que tirará o filho da escola e o levará para o homeschooling (ensino domiciliar) — proibido no Brasil — caso haja autorização para a vacina. Ele classifica o imunizante erroneamente como “experimental” e “ameaça à saúde e à integridade física”. A afirmação, porém, esbarra no fato de que os imunizantes foram amplamente estudados e testados antes da aplicação. Além disso, a aprovação só ocorre se atender a critérios e análises rigorosos.
‘Não é uma ameaça’
Uma nova investida, desta vez também destinada a servidores, diretores, funcionários terceirizados e seus familiares, foi divulgada na última quarta. No texto, o remetente escreve: “não aprovem vacinas para crianças menores de 12 anos ou o bixo (sic) vai pegar. Isso não é uma ameaça, é uma promessa! Não mexam com nossas crianças ou iremos atrás de cada um de vocês. (…) A resposta será fogo e fúria e não irão (sic) escapar ninguém”.
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Um dia depois, a diretoria da Anvisa recebeu um novo e-mail apócrifo, também obtido pelo GLOBO, do mesmo endereço do qual a mensagem anterior havia sido enviada. Há trechos semelhantes nos dois textos. Dessa vez, porém, o autor afirmou que não teria ameaçado os diretores de morte, mas que prometia “infernizar a vida de cada um da Anvisa”. O remetente xinga governadores e diz que no Brasil “temos políticos que são projetos de ditadores”.
“Em nenhum momento tive a intenção ou eu ameacei de morte funcionários da ANVISA, que fica claro que eu disse que iriamos infernizar a vida de cada um da ANVISA, como descobrir quem são cada um, aonde moram, os locais que frequentam e Humilhar e xingar na rua cada um de vocês, e não matar!”, escreveu o remetente.
Ponto a ponto
A Anvisa notificou e acionou autoridades além da PF em ambos os casos. A Casa Civil informou que enviou o ofício recebido da Anvisa ao Ministério da Justiça, que já havia sido comunicado e remetido o caso à PF. Já o Ministério da Saúde respondeu que não foi notificado.
Já a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (SSP-DF) afirmou que enviou, para análise e apuração, a notificação à Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF), que diz que não a recebeu. A Procuradoria Geral da República (PGR) informou que não há registros no sistema do Ministério Público Federal (MPF), mas que “por se tratar de suposta denúncia, é possível que tramite sob sigilo”.