Palmas – Clara Maria, ou Maria Clara Menezes, uma modelo curvy de 23 anos de Palmas, foi destacada na Vogue Brasil como uma das dez principais novas figuras da moda que brilharam no São Paulo Fashion Week.
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“Eu estava na ligação com minha mãe; ela e meu pai quase tiveram um ataque do coração”, conta ela, descrevendo o momento em que soube do reconhecimento pela Vogue Brasil. Em entrevista ao Jornal Sou de Palmas, a jovem compartilhou um pouco de sua história e a importância de suas raízes tocantinenses ao longo da carreira.
O começo
Maria Clara cresceu em Palmas, em uma família de oito irmãos, cercada pela criatividade e a arte. “Minha mãe é de Miranorte e meu pai, do interior de São Paulo. Meus irmãos são pessoas muito criativas, o que me influenciou bastante”, revelou.
Apesar de suas raízes artísticas, Maria Clara não considerava a moda uma carreira viável devido às barreiras impostas pelos padrões de beleza: “Durante muitos anos, eu descartei a ideia, principalmente porque, sendo uma criança gorda, eu realmente sabia que não era para mim.”
Foi somente ao ver modelos curvy desfilando para Versace em 2020, que ela percebeu que havia espaço para ela na indústria. “Aquilo mudou minha vida. Eu vi que talvez houvesse uma possibilidade para mim.”
O termo “curvy” refere-se a modelos que têm manequins entre 40 e 46, representando uma diversidade de corpos mais próximos ao padrão real da população, desafiando os tradicionais padrões de magreza que sempre dominaram as passarelas.
Londres a Milão
Maria não se limitou a sonhar; ela agiu. Após descobrir que poderia ter uma carreira na moda, mudou-se para São Paulo e, eventualmente, para Londres, onde sua carreira decolou. “Foi muito gratificante, apesar dos obstáculos e de todo trabalho árduo, construí muita autonomia e percebi o quanto realmente queria isso”, contou a jovem sobre sua experiência internacional.
Seus trabalhos em Londres e Milão incluíram marcas como Dolce & Gabbana e Karoline Vitto, além do histórico primeiro desfile curvy da Fashion Week de Milão.
No Brasil
De volta ao Brasil, Maria buscou solidificar sua carreira no mercado nacional: “Poder trabalhar com pessoas que têm os mesmos sonhos que eu, às vezes vindas de fora do eixo Rio-São Paulo e que também estão tentando se encontrar, contando suas próprias histórias, como os designers nortistas Maurício Duarte, Aluf e Normando, é realmente uma alegria imensa”, disse ela, destacando o mercado brasileiro.
A notícia de seu destaque na Vogue Brasil foi um reconhecimento que superou todas as suas expectativas, especialmente por ela ser a única modelo curvy entre as selecionadas pela revista: “A Vogue foi atrás da agência, perguntou quem eram aquelas pessoas. Os redatores gostaram do meu trabalho e isso, para mim, é fora de série, uma realização gigantesca!”
Raízes do Tocantins
Maria nunca esquece de onde veio e acredita que ser tocantinense é um dos seus diferenciais como modelo: “Isso faz uma grande diferença. A moda gosta de pessoas diferentes, apesar de nem sempre ser tão receptiva, mas falar sobre todas as nossas heranças culturais é muito importante e faz muita diferença para como você vai se destacar”, ressaltou ela.
“Nunca esqueça suas raízes”, aconselha ela aos jovens de Palmas que sonham com a moda. “O conhecimento liberta, e entender como funciona uma agência e as categorias de modelos é primordial”, acrescentou, enfatizando a importância do preparo para além da perseverança.
Do Tocantins para o mundo, Maria Clara, por meio de sua jornada, demonstra que a determinação e a autenticidade podem abrir portas, mesmo nos cenários mais desafiadores.