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Aos 34 anos, o ex-professor Eric Giuliani decidiu abandonar o cotidiano como professor e passou a viajar pelo mundo. No entanto, ele passou por alguns entraves durante o percurso. Em uma das aventuras, ele conta que era um dos poucos passageiros do Expresso Transiberiano para Pequim e, segundo o viajante*, ficou sem comida por dois dias antes de chegar ao destino. Misteriosamente, o vagão do restaurante foi desconectado na Mongólia.
“Eu estava tão fraco que cambaleava quando andava”, escreveu ele no livro que publicou recentemente sobre suas experiências: Sky’s The Limit – A jornada de 70.000 milhas ao redor do mundo de um homem.
“Sim, andar na Transiberiana no meio do inverno foi uma ideia bem maluca”, diz Giuliani, que vivia na Flórida, nos Estados Unidos. “Eu já perdi meu trem de conexão e fiquei preso em Novosibirsk, na Sibéria, por vários dias, onde a temperatura chegou a -20º”, relata.
Então, porque Giuliani decidiu deixar uma existência confortável como professor em Miami para passar por experiências como congelar em regiões geladas em um dos climas mais inóspitos do mundo? Em 2013, Giuliani estava prestes a ser promovido, mas estava cada vez mais insatisfeito.
“Não gostava muito da minha carreira, da monotonia e da rotina dela”, diz ele. “Sempre adorei viajar e estava ansioso para fazer algo único. Eu queria ver o que havia entre as principais cidades do mundo – para realmente ver a sujeira e a areia enquanto cruzava o deserto do Saara, não apenas voar sobre ele”, conta.
“E, embora manter minha pegada de carbono baixa não tenha sido inicialmente a principal razão para fazer isso, sempre foi importante para mim cuidar do planeta e eu sabia que viajar dessa maneira ajudaria a mantê-lo como o encontrei.”
O plano mestre de Giuliani era negociar seu caminho ao redor do mundo oferecendo aos hotéis seus serviços como fotógrafo e cineasta em troca de hospedagem e alimentação. Em 2014, ele pegou seu único voo, para seu ponto de partida na Cidade do Cabo.
Ele passou três anos cruzando sete continentes e 50 países sem voar. “Comecei na África e peguei ônibus da Cidade do Cabo ao Cairo, depois viajei pelo Oriente Médio, Jordânia e Israel, e peguei meu primeiro navio de carga de Israel para a Grécia”, relata.
“Eu então percorri pela Europa até Londres.” Nem tudo foi fácil. “Algumas viagens de ônibus na África demoravam 15 ou 20 horas e eu ficava cansado e desanimado. Tive desidratação severa em duas ou três ocasiões e fiquei doente”, confessa.
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Houve algumas vezes que ele considerou abandonar sua regra de proibição de vôo, incluindo no Quênia. “Eu estava lá durante o ataque à Universidade Garissa, quando 148 pessoas foram mortas. No dia seguinte, tive que fazer uma viagem de ônibus de 20 horas por aquela região onde terroristas do Al-Shabaab ainda estavam à solta. Pegar um avião lá teria sido justificado, mas eu continuei”, revela.
De Pequim, ele percorreu a China e o Sudeste Asiático, pegou um navio em Bali e partiu para a Austrália, onde embarcou em um navio cargueiro em Sydney e cruzou o Pacífico para os Estados Unidos.
“Um mês no mar, divertido nos primeiros dois dias, mas a novidade logo passa. Não há TV ou wi-fi e todos os homens que trabalham no navio estão lá há oito ou nove meses, então pode ter uma atmosfera muito machista e raivosa. Não o recomendo como uma forma agradável de viajar”, conta.
O explorador conquistou, então, a América do Norte e o Canadá, onde sucumbiu ao uso de um carro, pegou outro cargueiro para a Colômbia, depois se aventurou pelo Equador, Peru e Chile até Ushuaia, no extremo sul da Argentina, onde trocou seu caminho em um navio de cruzeiro para a Antártica.
“A Antártica foi o lugar mais surpreendente que visitei, tamanha beleza natural pura foi inesperada. O navio navegaria por essas belas enseadas, cercadas por picos de montanhas e praias em forma de lua crescente. Vimos pinguins, focas e baleias”, relata.
“Eu nunca viajo com um guia. Se eu perder algo, não me arrependo, eu vejo o que devo ver. Eu queria ter essa experiência espontânea de descobrir as coisas na hora. Eu vim de um mundo corporativo onde tudo era planejado e organizado”, diz.
Esta abordagem o levou a algumas experiências incríveis, desde mergulho com grandes tubarões brancos na África do Sul até nadar com tubarões-baleia em Moçambique.
“Também adorei ver jogos de futebol em diferentes países e assisti a jogos na Argentina, Brasil, Israel, Londres’. Foi tão bom conhecer pessoas e ver a diversidade enquanto você viaja de um país para outro. Mas a única coisa que percebi foi como todos nós somos semelhantes”, revela.
Eric está de volta ao lar e sobre retornar a viajar, ele conta que não pretende no momento. “Bem, acho que não quero entrar em um ônibus por um tempo. Essa coceira de desejo por viajar foi paralizada por enquanto, mas com alguma sorte, pode inspirar outras pessoas”, termina.
*As informações são do Metro UK