27 de abril de 2024 21:25

Política em Foco

Impeachment Mauro Carlesse: confira quais são as acusações contra o governador que serão julgadas

Publicado em

Impeachment Mauro Carlesse: confira quais são as acusações contra o governador que serão julgadas

Os deputados estaduais devem ouvir na próxima semana a acusação, a defesa e o relator do pedido de impeachment contra o governador afastado do Tocantins, Mauro Carlesse (PSL). Os parlamentares devem votar pela criação ou não de um Tribunal Misto. Se o resultado for pela criação, Carlesse sofrerá um novo afastamento.

O Tribunal Misto seria composto por cinco deputados e cinco desembargadores e teria prazo de 180 dias para concluir o julgamento.

A denúncia do impeachment foi apresentada pelo advogado Evandro de Araújo de Melo Júnior. Ele pediu que Carlesse fosse cassado citando quatro supostos crimes de responsabilidade em 14 atos do governador que seriam evidências destes crimes.

No entanto, o relator do processo, deputado Júnior Geo (PROS), decidiu que a denúncia não poderia avançar na íntegra. O parecer final dele, aprovado na quinta-feira (3), é de que apenas três dos crimes citados na denúncia podem configurar crimes de responsabilidade. O terceiro crime seria do tipo comum, que deve ser analisado pela Justiça comum e não pela Assembleia Legislativa e por isso ficou de fora. As acusações que avançaram seriam ‘crimes contra a probidade’.

Acusações aceitas

 

Interferência na Polícia Civil

 

Mauro Carlesse produziu diversos atos privativos da posição de Governador que contrariam a Constituição Federal e Estadual:

Quais atos são esses?

  • Veto ao §3º do art. 26 da Lei n. 3461/19, a fim de não se exigir fundamentação para a remoção de ofício de Delegado de Polícia;
  • Portaria n. 573/2019, com o intuito de viabilizar remoção de Delegados de Polícia com fundamento em dados estatísticos, sendo certo que os Delegados atuantes na delegacia especializada em crimes organizados possuiriam baixo índice estatístico, ante a complexidade dos casos;
  • Medida Provisória n. 18/19, transformando as funções de Delegado-Chefe e Delegado-Adjunto em funções comissionadas, a fim de facilitar sua remoção;
  • Ato n. 2.415 – DSG c/c Ato n. 1.413-DSG, os quais efetivamente removeram todos os Delegados da DECOR para funções comissionadas, impedindo as investigações contra o Governo do Estado de avançarem
Leia Também:   Vereador Rubens Uchôa tem PL sancionado e o 'Dia Municipal do Guia Turístico em Palmas' entra em vigor

Propina no Plansaúde

 

Mauro Carlesse, na posição de governador do Estado do Tocantins não respeitou os princípios da Legalidade, Impessoalidade, Moralidade, Probidade e Eficiência:

Quais atos seriam desrespeitosos a estes princípios?

  • Em elaborado esquema de recebimento de propina, obrigou os prestadores de serviço de saúde junto ao Plano de Assistência à Saúde dos Servidores do Tocantins – PLANSAÚDE, a efetuar o pagamento de quantia indevidas como condicionante para o recebimento dos valores devidos pelo Estado de Tocantins;
  • Movimentou vultosas quantias em espécie na conta pessoal do Sr. Mauro Carlesse para dar aparência de legalidade às vantagens ilícitas recebidas, devidamente comprovada pela Receita Federal;
  • Movimentações financeiras de vultosas quantias, em espécie, realizadas por pessoas diretamente ligadas ao Governador do Estado, parentes inclusive, bem como de empresas das quais o próprio e demais investigados fizeram ou fazem parte do quadro societário, conforme indicado por Relatórios de Inteligência Financeira – RIF’s, do COAF.

Irregularidades nas eleições municipais

 

Mauro Carlesse produziu diversos atos privativos da posição de Governador que contrariam a Constituição Federal e Estadual

Quais seriam os atos irregulares?

  • Cessão de servidores públicos para coordenação da campanha eleitoral dos candidatos da preferência do governador em Gurupi, Josi Nunes e Glaydson Nato.
  • Cessão dos servidores públicos da Secretaria de Estado de Comunicação do Tocantins para elaboração de serviços de marketing e produção da propaganda eleitoral.
  • Distribuição de cestas básicas sem critérios objetivos e em ano eleitoral
Leia Também:   Governo propõe 'imposto do pecado' sobre cigarros, bebidas alcoólicas, veículos e gás natural

Os argumentos da defesa

 

Para os advogados de Carlesse, o processo é motivado por ‘interesses eleitoreiros’ e não tem provas de crimes de responsabilidade. Na manifestação que apresentaram contra o processo, afirmam que o autor do pedido, Evandro de Araújo Melo Júnior, é próximo de Wanderlei Barbosa e da família dele. De acordo com o documento, ele atuou como procurador geral da Câmara de Palmas quando o órgão era presidido pelo irmão do governador, Marilon Barbosa.

Outro argumento é de que Wanderlei Barbosa teria se reunido com 17 deputados nas vésperas do recebimento da denúncia, o que afrontaria o princípio da legalidade. Mauro Carlesse e Wanderlei Barbosa concorreram às duas eleições de 2018 na mesma chapa, mas romperam politicamente após o afastamento do governador.

Sobre as acusações de recebimento de propina e interferência política em investigações da Polícia Civil, os advogados afirmaram se tratar de ‘alegações genéricas’ e baseadas na palavra de delatores, sem que sejam apresentadas provas.

“O que se verifica na inicial da denúncia, é mera reprodução narrativa disposta nos procedimentos prematuros que tramitam em sede de inquérito criminal perante o Superior Tribunal de Justiça, e diga-se, alegações desacompanhadas de documentos que as sustentem”.

Sobre as acusações relacionadas às eleições em Gurupi, o governador já declarou que o conjunto de provas é frágil. A prefeita da cidade, Josi Nunes, e o vice, Glaydson Nato, disseram ter recebido a decisão da Justiça sobre o caso com serenidade e afirmaram que vão recorrer.

O que ficou de fora?

 

Aparelhamento da Polícia Civil

 

Existência de organização criminosa enraizada no centro do Governo do Estado do Tocantins, liderada pelo Governador do Estado que aparelhou todo o sistema de Segurança Pública do Estado do Tocantins

Quais as evidências?

  • Intervenções políticas que permitiram o direcionamento de apurações em face de adversários políticos do Sr. Mauro Carlesse.
  • Modificação de normas que regem a estrutura funcional da Polícia Civil do Estado do Tocantins, retirando garantias dos delegados de polícia e que possibilitavam investigações sem interferências políticas.
  • Flagrante forjado por tráfico de drogas realizado pelo Sr. Mauro Carlesse em razão de problemas conjugais.

 

Situação atual

 

Carlesse está afastado do Palácio Araguaia por determinação do STJ desde outubro de 2021. O prazo do afastamento do governador termina em abril, mas pode ser revisto pela Justiça caso o STJ avalie que é necessário. Ele é considerado suspeito em duas operações da Polícia Federal.

Uma das investigações é sobre suposto recebimento de propina de fornecedores do plano de saúde dos servidores públicos estaduais. A outra é sobre interferência política em operações da Polícia Civil do Tocantins. Os argumentos da decisão que levou ao afastamento embasaram o pedido de impeachment. Carlesse nega todas as acusações.

Enquanto dura o afastamento, o governo do estado fica nas mãos de Wanderlei Barbosa, que é vice-governador.

Deixe o seu Comentário

Anúncio


Mais Vistos da Semana