Uma denúncia anônima instruiu a Polícia Civil a localizar, na noite desta quarta-feira (11), material genético humano jogado em uma rua, no centro de Araguaína. O resíduo foi encontrado no mesmo dia em que a polícia fechou um laboratório clandestino que funcionava no centro de Palmas e tinha contrato com o governo estadual.
Na sede da empresa Sicar Laboratórios na capital foram apreendidos órgãos e membros armazenados de forma improvisada, como em potes de doces e manteiga.
A suspeita da polícia é de que o grupo, que também mantinha laboratório em Araguaína, seja o responsável por jogar o lixo na via pública da cidade.
O delegado Romeu Fernandes de Carvalho Filho, responsável pela 3ª Divisão Especializada de Repressão ao Crime Organizado (3ª Deic) de Araguaína, explicou que o material é aparentemente proveniente de resíduos humanos, e que a perícia foi acionada para realizar a análise na manhã desta quinta-feira (12).
LABORATÓRIO CLANDESTINO
Durante operação realizada nesta quarta-feira na empresa Sicar Laboratórios, os policiais encontraram a unidade funcionando em condições totalmente precárias e insalubre.
Imagens feitas nos fundos da unidade mostram que membros humanos ficavam dentro de recipientes reutilizados, em uma área aberta e sem refrigeração. Alguns potes com os órgãos foram encontrados no chão e ao lado de um bebedouro e talheres usados pelos funcionários.
Coletas biológicas e até órgãos, como úteros, eram guardados em latas de achocolatado, manteiga e de doces. Além da situação insalubre, investigações apontam que lâminas e outros materiais utilizados nas análises eram usados mais de uma vez, e não descartados imediatamente.
CONTRATO COM O GOVERNO
Após a operação, o contrato da empresa com o governo foi cancelado. A unidade prestava serviços para a Secretaria de Saúde do Tocantins e, segundo a polícia, atendia principalmente pacientes do Hospital Geral de Palmas (HGP) com suspeita ou em tratamento de câncer.
O Portal da Transparência aponta que o laboratório recebeu mais de R$ 3 milhões entre os anos de 2017 e 2020. A defesa do laboratório disse que as condições foram causadas por problemas da antiga gerência e vai provar inocência da atual gestão.
De acordo com a Secretaria de Estado da Saúde (SES), a empresa foi contratada por meio de processo licitatório, seguindo a legislação vigente, para análises de exames de anatomia patológica e imuno-histoquímica destinados às unidades hospitalares geridas pelo estado do Tocantins.
O secretário de saúde, Afonso Piva, informou que nenhum paciente ficará prejudicado. “Nossas equipes farão um trabalho minucioso para um levantamento preciso dos pacientes que aguardam resultados de exames e as amostras encontradas na operação policial serão avaliadas quanto ao seu aproveitamento, para que outra empresa faça as análises o mais rápido possível”.
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