O empresário Alexander Augusto de Almeida, de 49 anos, que ficou conhecido como “rei do camarote” há 10 anos, é investigado em inquérito policial por suposta lavagem de dinheiro e ocultação de bens pelo Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) de São Paulo. Defesa diz que os recursos de Alexander têm origem lícita.
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Alexander ganhou fama e se tornou o “rei do camarote” depois de aparecer na revista “Veja São Paulo” em que falava sobre os “10 mandamentos” da noitada dizendo que gastava até R$ 50 mil por balada. No vídeo publicado pela revista, ele aparecia com garrafas ao som da trilha sonora “traz a bebida que pisca”.
O que você precisa saber:
- A polícia fez buscas contra o ex-sócio de Alexander Augusto de Almeida, ‘rei do camarote’, por lavagem de dinheiro;
- Com o ex-sócio foram achados documentos sobre um condomínio de galpões em Atibaia;
- Alexander foi identificado como o atual dono do empreendimento desde 2020;
- O tamanho do condomínio de galpões chamou a atenção da polícia;
- Ele passou a ser investigado por suspeita de lavagem de dinheiro;
- Defesa de Alexander afirma que “recursos são de origem lícita”;
- O ex-sócio Antônio Vinícius foi preso nesta quinta suspeito de homicídios no crime organizado.
A polícia chegou a Alexander Augusto em 2022 depois de ter cumprido mandados de busca e apreensão por suspeita de lavagem de dinheiro contra o empresário Antônio Vinicius Gritzbach, que virou réu na terça-feira (31) e foi apontado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) como mandante de dois homicídios (entenda mais abaixo).
A área em Atibaia tem projeto aprovado para a construção de 80 galpões. A proprietária era uma empresa de empreendimentos a qual Antônio Vinicius chegou a fazer parte do quadro de vendedores e até foi gerente.
A antiga dona do condomínio industrial chegou a negociar 25 galpões, mas ergueu 17 e vendeu todo o condomínio para o “rei do camarote”. Ele assumiu a construção do restante e toda a área que não estava ocupada.
Até quando Alexander tinha sido ouvido pela polícia, em 11 de outubro do ano passado, ele tinha investido nas obras cerca de R$ 12 milhões sozinho. Ele negou que Antônio Vinicius tenha participado direta e indiretamente da negociação.
À polícia, Alexander disse que faz parte do quadro de sócios de uma empresa de recuperação de veículos, duas do mercado imobiliário e outra do ramo de construção de galpões em Atibaia.
Sobre a relação dele com Antônio Vinicius, Alexander alegou que o conhecia desde a juventude, no Tatuapé, na Zona Leste da capital paulista, onde moravam, e que estreitaram os laços quando Antônio Vinicius trabalhou na incorporadora imobiliária.
Alexander negou em depoimento que manteve negócios em Atibaia com Antônio Vinicius, mas disse que eles foram sócios de uma farmácia no Tatuapé fechada em 2022, depois da primeira prisão de Antônio Vinicius nesse inquérito de homicídios.
Alexander ainda declarou que o conhecido se retirou do quadro da farmácia em São Paulo por “razão de problemas pessoais” e que, em acordo com o terceiro sócio, resolveram encerrar o estabelecimento.
O advogado Jonas Marzagão, da defesa de Alexander, encaminhou uma nota ao g1. Segundo ele, o empreendimento de Atibaia foi adquirido com recursos próprios do empresário, portanto “os recursos são de origem lícita”.
Execução em 2021
Antônio Vinicius, ex-sócio na farmácia do “rei do camarote”, teve a prisão preventiva decretada na terça-feira (31) pela Justiça e foi preso nesta quinta-feira (2) em um hotel na Bahia pela morte de Anselmo Santa Fausta (conhecido como Cara Preta) e do motorista dele, Antônio Corona Neto, em 27 de dezembro de 2021, no Tatuapé. O caso dos homicídios, que correu pelo DHPP, não tem relação com Alexander.
O que você precisa saber sobre os homicídios:
- Antônio Vinicius foi preso na Bahia com um mandado de prisão preventiva na quinta-feira (2);
- Ele e o agente penitenciário David Moreira são réus pela articulação de assassinato de Anselmo Santa Fausta, que era traficante, segundo a polícia, e o motorista dele no Tatuapé, em São Paulo, em dezembro de 2021;
- Polícia apontou como motivo da execução ameaças por cobrança de dinheiro investido por Anselmo com Antônio Vinicius;
- Antônio Vinicius nega ter organizado os dois assassinatos;
- Homem de nome Noé teve a cabeça decepada por facção, deixada no Tatuapé e foi apontado como o executor das mortes supostamente encomendadas por Antônio Vinicius.
A polícia levantou durante a investigação que Anselmo era ligado ao crime organizado, esteve no tráfico internacional de drogas e foi indiciado no ano de 2007.
Segundo a investigação, Antônio Vinicius Gritzbach conheceu Anselmo durante a negociação de um apartamento na planta.
Antônio Vinicius trabalhava com imóveis e fazia investimentos em criptomoedas. Parte de um valor aplicado em transações seria de Anselmo (Cara Preta), que teria exigido a devolução de cerca de US$ 20 milhões e feito ameaças por suspeitar de desvios. Este seria o motivo dos assassinatos.
Antônio Vinicius teria planejado a morte de Anselmo com outro suspeito, o agente penitenciário David Moreira. Recursos foram dados a um outro homem, Noé, para a execução de Anselmo, detalhou a polícia.
Quase um mês depois da morte de Anselmo e do motorista, o suposto contratado Noé teve a cabeça decepada. Ela foi deixada em uma praça do Tatuapé.
Dois bilhetes manuscritos foram encontrados, sendo um junto às partes do cadáver em Suzano e outro dentro da boca da cabeça no bairro do Tatuapé. Ambos continham a mesma mensagem: “Esse pilantra foi cobrado em cima da covardia que ele fez em cima dos nossos irmãos Anselmo e Sem Sague”.
A defesa de Antônio Vinicius não encaminhou resposta ao g1 até a última atualização desta reportagem. Ele negou relação com os homicídios à polícia desde o início das investigações. A de David Moreira não foi localizada.
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