A Confederação Brasileira de Futebol (CBF) voltou a viver mais um capítulo de instabilidade institucional nesta quinta-feira (16), com o afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da entidade. A decisão partiu do desembargador Gabriel Zefiro, da Justiça do Rio de Janeiro, e também determinou o afastamento de toda a diretoria da entidade. O vice-presidente Fernando Sarney assume a função de interventor, responsável por convocar novas eleições.
A decisão judicial decorre de suspeitas quanto à validade de um acordo firmado em janeiro de 2025 que ratificava a eleição de Ednaldo em 2022. O principal ponto de questionamento gira em torno da assinatura do ex-presidente da CBF Antônio Carlos Nunes de Lima, o Coronel Nunes. Há indícios de que ele não teria condições cognitivas para assinar o documento, devido ao agravamento de seu estado de saúde, e suspeita de possível falsificação.
O desembargador Gabriel Zefiro afirmou na decisão: “A robustez dos indícios trazidos aos autos leva à inarredável conclusão acerca de um fato, até mesmo óbvio: há muito o Coronel Nunes não tem condições de expressar de forma consciente sua vontade.”
A ação foi articulada por Fernando Sarney, que vinha apresentando petições para contestar a permanência de Ednaldo no cargo. Na decisão, Zefiro designa Sarney como interventor com poderes administrativos e o encargo de organizar novas eleições, obedecendo aos prazos estabelecidos no estatuto da CBF.
A origem da crise
O acordo que motivou a ação judicial tinha como objetivo encerrar a disputa jurídica que havia levado ao primeiro afastamento de Ednaldo, em dezembro de 2023. Assinado por dirigentes como Castellar Neto, Gustavo Feijó, Adriano Aro e o próprio Fernando Sarney, o documento foi apontado como solução para garantir a estabilidade institucional da entidade.
No entanto, a legalidade da assinatura de Nunes passou a ser questionada. Relatórios médicos anexados ao processo indicam que o ex-dirigente, atualmente com mais de 80 anos e em tratamento contra um câncer no cérebro, apresenta “déficit cognitivo severo”. Em outro documento, uma procuração assinada por Nunes em 2023 já demonstrava sua impossibilidade de ir a cartórios pessoalmente.
A controvérsia ganhou novos contornos após um parecer técnico produzido por Jacqueline Tirotti, contratada pelo vereador carioca Marcos Dias, concluir que não é possível vincular a assinatura do Coronel Nunes ao documento de janeiro. A perícia apontou divergências nas assinaturas e ausência de rubricas, reforçando as dúvidas sobre a validade do acordo.
Apesar das críticas à perícia por parte da CBF — que acusou uso político e midiático do laudo — a ausência de Nunes em audiência recente, para prestar esclarecimentos, contribuiu para a decisão de afastamento.
E agora?
Com a nova reviravolta, Fernando Sarney assume interinamente o comando da CBF com a responsabilidade de convocar eleições. A crise política reacende disputas internas na entidade e coloca em xeque o futuro da gestão de Ednaldo, que está no Paraguai, onde participou do Congresso da Fifa nesta semana.
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