O ano de 2022 entra para a história com a marca de muitas perdas irreparáveis tanto para o Brasil quanto para o mundo seja na cultura, na comunicação, na arte, no esporte ou na política. Só nas últimas semanas perdemos a escritora Nélida Piñon, primeira mulher a presidir a Academia Brasileira de Letras (ABL), e o ator Pedro Paulo Rangel, conhecido por trabalhos como as novelas “Gabriela” (1975), “Saramandaia” (1976), “Vale tudo” (1988), “O cravo e a rosa” (2000) e o humorístico “TV pirata” (1988).
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Além de Nélida, outra grande escritora brasileira também nos deixou este ano, aos 98 anos, no início de abril: Lygia Fagundes Telles. Lygia ocupava a cadeira de número 16 da ABL desde 1985 e foi vencedora de quatro prêmios Jabuti e do Camões, mais importante reconhecimento da literatura em língua portuguesa, em 2005.
De Elza Soares à Olivia Newton-John, de Jô Soares à rainha Elizabeth II, de Milton Gonçalves a Sidney Poitier, perdemos todos. Diante da morte, a vida parece mesmo ser uma “viagem passageira”, como cantou Gal Costa, que também nos deixou este ano.
A Música Popular Brasileira perdeu alguns de seus maiores expoentes. Gal Costa, considerada por muitos como “a maior cantora do país”, morreu no dia 9 de novembro, aos 77 anos, e deixou uma legião de fãs – em grande parte jovens. Da bossa nova ao tropicalismo, Gal sempre quis e soube se reinventar. Gal e a filantropa Lily Safra foram as únicas brasileiras a serem destacadas pelo ‘New York Times’ em lista de mortes notáveis do ano.
Erasmo Carlos, o “Tremendão”, morreu algumas semanas depois de Gal, com quem gravou a clássica “Detalhes”, uma das tantas parcerias com o rei Roberto Carlos. Com Roberto e Wanderléa, Erasmo criou a “Jovem Guarda”, movimento que revolucionou o rock nacional. Poucos dias antes de morrer, Erasmo ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock ou de Música Alternativa em Língua Portuguesa pelo seu álbum mais recente: ‘O futuro pertence à… Jovem Guarda’.
Elza Soares, consagrada como “a voz do milênio” pela BBC, queria “cantar até o fim” e assim o fez. Menos de dois dias antes de morrer, em janeiro, aos 91 anos, Elza gravou um DVD no Teatro Municipal de São Paulo. A última música que cantou foi “A Mulher do Fim do Mundo”.
Luiz Galvão, um dos fundadores do grupo “Novos Baianos”, morreu em outubro, aos 87. Junto com o parceiro Moraes Moreira, Galvão compôs clássicos como “Preta, Pretinha” e “A Menina Dança”, essa última interpretada por Baby do Brasil. Ambas as músicas fazem parte do álbum “Acabou Chorare”, que, em 2007, foi eleito pela revista Rolling Stone como o melhor álbum de música popular brasileira da história.
O músico e maestro Paulo Jobim, filho mais velho de Tom Jobim, morreu no dia 4 de novembro. Como instrumentista e arranjador, trabalhou com artistas de peso como Chico Buarque, Sarah Vaughan, Astrud Gilberto e Milton Nascimento, entre muitos outros, incluindo o seu pai.
Elifas Andreato, apesar de não ser músico ou cantor, tem seu nome eternizado na história da MPB. O artista plástico fez algumas das capas de discos mais memoráveis da discografia nacional. Maria Bethânia, Paulinho da Viola, Martinho da Vila e Elis Regina foram alguns dos artistas que tiveram suas capas criadas por Andreato. Um de seus trabalhos mais recentes foi com o rapper Criolo, em 2017, com o “Espiral da Ilusão”.
Alguns músicos de extrema importância também nos deixaram. Oscar Bolão, um dos maiores bateristas da MPB, morreu em fevereiro, aos 68 anos. Bolão fez parte da Orquestra de Música Brasileira, da Orquestra de Cordas Brasileiras e da Orquestra Pixinguinha. Ele se apresentou em shows e participou de gravações que marcaram a trajetória de vários artistas de relevância, como Ney Matogrosso e Elizeth Cardoso.
Djalma Corrêa, um dos maiores percussionistas brasileiros, morreu aos 80 anos, neste mês de dezembro. Em 1964, em Salvador, participou do espetáculo “Nós por exemplo”, com Gilberto Gil, Caetano Veloso, Maria Bethânia, Gal Costa e Tom Zé, artistas que anos depois lançariam o movimento tropicalista. Djalma voltaria a tocar com Caetano, Gil, Bethânia e Gal separadamente, e também no grupo Doces Bárbaros.
Ele participou de importantes discos como “África-Brasil” (Jorge Ben), “Álibi” (Maria Bethânia), “E que tudo mais vá pro inferno” (Nara Leão), “Nós” (Luiz Melodia), “Almanaque” (Chico Buarque), “Mancha de dendê não sai” (Moraes Moreira) e “O Canto dos Escravos” (Clementina de Jesus, Tia Doca e Geraldo Filme).
Paulinha Abelha, do “Calcinha Preta”, nos deixou precocemente aos 43 anos, em fevereiro. Ao lado de Silvânia Aquino, Bell Oliver e Daniel Diau, a cantora deu voz a sucessos do forró eletrônico como “Louca por ti”, “Ainda te amo”, “Baby doll” e “Liga pra mim”, em mais de 20 álbuns.
Outro que nos deixou precocemente foi o sertanejo Aleksandro, da dupla com Conrado. Com 34 anos, o cantor morreu em maio. Aleksandro já gravou uma música com Luan Santana, “Certos Detalhes”, em 2011.
Taylor Hawkins, baterista da banda americana Foo Fighters, morreu em março, aos 50 anos, dois dias antes do show no festival Lollapalooza, em São Paulo, que foi cancelado. No palco, Hawkins dividia os holofotes com o líder da banda, Dave Grohl. Dois músicos internacionais veteranos também nos deixaram: Keith Levene, guitarrista fundador do The Clash, aos 65 anos, e Alan White, baterista da banda britânica de rock progressivo Yes, aos 72 anos.
Jerry Lee Lewis, lenda do rock conhecida por clássicos como “Great balls of fire” e “Whole lotta shakin’ goin’ on”, músicas que foram lançadas em 1957, morreu em outubro. O cantor e pianista tinha 87 anos e era o último grande nome ainda vivo entre os pioneiros do rock (ao lado de Elvis Presley, Chuck Berry, Fats Domino, Little Richard, Carl Perkins e Gene Vincent).
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