No filme “Harry Potter e o Cálice do Fogo”, os alunos da escola de Hogwarts se assustam durante uma aula de defesa contra as artes das trevas com um animal diferente. A cena do bicho na testa de Rony, um dos personagens que ficou aterrorizado no momento, é facilmente lembrada pelos fãs da saga.
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Mas você sabia que esse animal está longe de ser ficção? Ele existe e pode ser encontrado inclusive no Brasil.
“Os amblipígios são de uma ordem (Amblypygi) dentro da classe dos aracnídeos. São um grupo bem pequeno com cerca de 200 espécies, divididas em cinco famílias. Eles são parentes das aranhas, escorpiões e opiliões. “São animais que têm uma distribuição cosmopolita, pois eles estão presentes em todos os continentes, com exceção da Antártica”. explica o estudante de biologia da Unifesp Fernando Daros.
O Brasil possui a maior diversidade de amblipígios do mundo, com 29 espécies espalhadas por quase todos os biomas, menos o Pampa.
Apesar de serem da classe dos aracnídeos, os amblipígios não são aranhas, mas mesmo assim recebem o nome popular de aranha-chicote.
“O chicote no nome é por conta de possuírem um primeiro par de pernas sensoriais que parecem chicotes de tão longas e finas. Vale lembrar que o nome chicote aqui não está ligado à agressividade, já que nesses bichos são apenas apêndices sensoriais para localização, visto que eles são praticamente cegos (em alguns casos totalmente cegos)”, diz.
Os aracnídeos compõem a Classe Arachnida, que por sua vez tem várias Ordens dentro. A Ordem Araneae inclui as aranhas, a Ambylpygi, os amblipígios, Scorpiones, os escorpiões e por aí vai. Como se fossem caixinhas organizadas em caixas maiores, até uma bem pequena que vai incluir apenas a espécie daquele ser.
Os amblipígios podem ser reconhecidos facilmente pelo tamanho (podem ultrapassar os 10 centímetros) e pela presença de pedipalpos raptoriais, como se fossem mãos, que possuem espinhos. Esses espinhos ajudam na captura das presas, que geralmente são insetos ou pequenos vertebrados.
As aranhas-chicote não possuem veneno e são inofensivas aos seres humanos. Por serem animais solitários e noturnos, não são comumente encontrados, mas podem ser vistos no período da noite no solo, pedras ou troncos.
“Quando um macho encontra uma fêmea há um processo de cortejo muito delicado de ‘danças e toques’, onde a fêmea deve aceitar ser levada até o espermatóforo, que é uma estrutura colocada pelo macho no solo, que contém um saco de esperma. Quando a fêmea passa por cima dessa estrutura, a mesma adentra a região genital da fêmea, e assim ocorre a inseminação”, finaliza Daros.