3 de maio de 2024 02:49

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Saiba quem são os jogadores integrantes e como funcionava o esquema de manipulação de partidas investigado no futebol

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Saiba quem são os jogadores integrantes e como funcionava o esquema de manipulação de partidas investigado no futebol

Prints de conversas mostram denunciados de integrar o esquema investigado por manipular resultados de jogos de futebol comemorando quando o jogador Moraes Júnior recebeu cartão amarelo em uma partida. Na época, o atleta jogava pelo Juventude, mas atualmente ele é lateral esquerdo do Atlético-GO.

 

As imagens obtidas pelo jornal ge são da investigação da Operação Penalidade Máxima, do Ministério Público de Goiás (MPGO). Os prints mostram um integrante dizendo “Moraes já tomou”, se referindo ao cartão. Em seguida, ele ri e outra pessoa também ri e diz: “opaaa” (veja acima).

Saiba quem são os jogadores integrantes e como funcionava o esquema de manipulação de partidas investigado no futebol

Conversas mostram integrantes de esquema suspeito de manipular resultados de jogos de futebol comemorando quando jogador Moraes Júnior recebe cartão amarelo — Foto: Reprodução/TV Anhanguera

Aparecem nos prints os denunciados na primeira fase da operação, que compunham “Núcleos de Atuação” dos apostadores:

  • Bruno Lopez de Moura, conhecido como BL (empresário preso em SP, que liderava as ações);
  • Ícaro Fernando Calixto dos Santos (fazia parte de Núcleo de Apostadores);

Acordo com Moraes

 

Nesta terça-feira (9), a defesa de Moraes admitiu que o jogador recebeu dinheiro no esquema que manipulava resultados de jogos de futebol. O advogado Tiago Lenoir afirmou que o jogador fez um acordo de não-persecução penal com o Ministério Público de Goiás (MPGO), dessa forma, ele fez a confissão e ficou livre da ação penal.

“Ele admite que conversou com intermediário e que recebeu uma parte do que foi acordado, mas ele aceitando o acordo de não-persecução penal, ele deixa claro que não faz parte de um crime mais grave, de uma organização criminosa. Por isso, ele deixa de ser denunciado e vai figurar como testemunha do processo”, disse o advogado.

Moraes, na época no Juventude, ganharia R$ 30 mil reais se levasse um cartão amarelo na derrota por 2×1 para o Palmeiras e R$ 5 mil foram pagos antes do jogo. Na partida, ele foi advertido. Prints mostram denunciados por integrar esquema de manipulação de jogos comemorando quando o jogador recebeu cartão amarelo.

Moraes, ex-Juventude e atualmente no Atlético-GO, é um dos alvos da investigação do MP-GO — Foto: Fernando Alves/Juventude

Moraes, ex-Juventude e atualmente no Atlético-GO, é um dos alvos da investigação do MP-GO — Foto: Fernando Alves/Juventude

Em uma partida entre Goiás e Juventude, o jogador recebeu a proposta de R$ 50 mil para levar um cartão amarelo e recebeu R$ 20 mil antes. Ele também foi advertido neste jogo, mas o advogado do atleta afirmou que as advertências que Moraes recebeu não foram criminosas.

“Ele não força o cartão amarelo, ele vai lá e faz o que tinha que fazer, que é o estilo dele de jogo, ele já ia tomar esses cartões amarelos, o fato dele não ter dado prejuízo desportivo gabaritou a defesa do Moraes em propor para o Gaeco um acordo de não persecução penal”, explicou Tiago.

O MPGO apurou que Moraes não recebeu o restante do dinheiro acertado porque as apostas eram combinadas, ou seja, dependiam que outros jogadores realizassem ações em outros jogos.

“Ele não entregou resultado, não entregou nada, ele realmente recebeu uma parte do que eles tinham proposto para ele, mas não recebeu o restante”, completou o advogado do lateral.

Partidas com Moraes

 

Nos jogos investigados que envolvem Moraes, o time que ele jogava perdeu. Além dele, outros jogadores também receberam penalidades. Veja quais foram os lances pedidos pelos apostadores e aliciadores nas partidas, segundo o Ministério Público:

  • Goiás 1 x 0 Juventude – 5 de novembro de 2022: Apostadores pediram que dois atletas do Juventude tomassem cartões amarelos;

 

No jogo contra o Goiás, o Juventude recebeu 6 cartões amarelo enquanto o time goiano 4. Aos cinco minutos de jogo, Moraes “atropelou” o atacante do Esmeraldino e levou a penalidade.

  • Palmeiras 2 x 1 Juventude – 10 de setembro de 2022: Apostadores pediram que um jogador do Juventude tomasse cartão amarelo.

 

Já na partida contra o Palmeiras, o time gaúcho recebeu 3 cartões amarelo enquanto o outro time nenhum. Aos 73 minutos, Moraes cometeu falta e recebeu a punição.

Quais são os jogadores investigados?

Eduardo Bauermann (Santos)

  • Santos x Avaí (Brasileirão, 05/11/2022): “Pagamento em montante ainda não precisado, porém certo que pelo menos R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais) foram efetivamente entregues a Eduardo Bauermann antes mesmo da realização do jogo, para que Eduardo, jogador do Santos, fosse punido com cartão amarelo na partida (o que não ocorreu)”.
  • Botafogo x Santos (Brasileirão, 10/11/2022): “Bauermann, apesar de ter aceitado valores na rodada anterior, não “cumpriu” sua parte no acordo ao não ser punido com cartão amarelo. Por isso, na rodada imediatamente seguinte e ainda com a posse da quantia recebida, novamente aceitou a promessa de valores indevidos para, agora, ser expulso na partida”.

Kevin Lomonaco (Red Bull Bragantino)

  • Red Bull Bragantino x América-MG (Brasileirão, 05/11/2022): “Promessa de pagamento de R$ 70.000,00 (setenta mil reais), dos quais R$ 30.000,00 (trinta mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o atleta fosse punido com um cartão amarelo durante a partida.
  • Red Bull Bragantino x Portuguesa (Campeonato Paulista, 21/01/2023): “Promessa de pagamento de R$ 200.000,00 para que o atleta cometesse uma penalidade máxima no primeiro tempo da partida. A proposta foi recusada.

Moraes Jr. (Juventude)

  • Palmeiras x Juventude (Brasileirão, 10/09/2022): “Promessa de pagamento de R$ 30.000,00 (trinta mil reais), dos quais R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o jogador fosse punido com um cartão amarelo durante a partida.”
  • Juventude x Fortaleza (Brasileirão, 17/09/2022): “A vantagem consistiu na promessa de pagamento de R$ 50.000,00 (trinta mil reais), dos quais R$ 20.000,00 (vinte mil reais) foram efetivamente entregues antes mesmo da realização do jogo, para que o jogador fosse punido com um cartão amarelo.”
  • Goiás x Juventude (Brasileirão, 05/11/2022): “Promessa de pagamento de R$ 50.000,00 (trinta mil reais), dos quais R$ 20.000,00 (vinte mil reais) foram efetivamente entreguesantes mesmo da realização do jogo, para que o jogador fosse punido com um cartão amarelo durante a partida.”

Paulo Miranda e Gabriel Tota (Juventude)

  • Juventude x Fortaleza (Brasileirão, 18/09/2022): “Promessa de pagamento de R$ 60.000,00(sessenta mil reais), dos quais R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamenteentregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento na conta deGABRIEL (TOTA), jogador do JUVENTUDE, para posterior repasse ao atleta JONATHAN (PAULO MIRANDA), para que este, também jogador do JUVENTUDE,fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciadopelo jogador.”
  • Goiás x Juventude (Brasileirão, 05/11/2022): “Promessa de pagamento de R$ 50.000,00(cinquenta mil reais), dos quais R$ 10.000,00 (dez mil reais) foram efetivamenteentregues antes mesmo da realização do jogo, mediante pagamento providenciadopor ROMARIO HUGO DOS SANTOS para a conta de GABRIEL (TOTA), paraposterior repasse a JONATHAN (PAULO MIRANDA), para que este,também jogador do JUVENTUDE, fosse punido com cartão amarelo na partida, oque foi efetivamente providenciado pelo jogador.”

Igor Cariús (Cuiabá)

  • Ceará x Cuiabá (Brasileirão, 16/10/2022): “Promessa de pagamento em montante total ainda não precisado, porém certo que R$ 5.000,00 (cinco mil reais) foram efetivamente entregues a Igor Aquino da Silva antes mesmo da realização do jogo, para que Igor, jogador do Cuiabá, fosse punido com cartão amarelo na partida, o que foi efetivamente providenciado pelo jogador”.
  • Palmeiras x Cuiabá (Brasileirão, 06/11/2022): “Pagamento de R$ 60.000,00 (sessenta mil reais) para que Igor Aquino da Silva (Igor Carius), jogador do Cuiabá, fosse punido com cartão amarelo na partida”.

Fernando Neto (Operário)

  • Sport x Operário (Série B, 28/10/2022): “Promessa de pagamento de R$ 500.000,00 (quinhentos mil reais), dos quais R$ 40.000,00 (quarenta mil reais) foram efetivamente entregues a Fernando José da Cunha Neto antes mesmo da realização do jogo, para que Fernando, jogador do Operário, fosse punido com cartão vermelho”.

Victor Ramos (Chapecoense)

  • Guarani x Portuguesa (Paulistão, 08/02/2023): “Promessa de pagamento de R$ 100.000,00 (cem mil reais) para que Victor Ramos Ferreira, jogador da Portuguesa, cometesse uma penalidade máxima. Posteriormente, em razão de Bruno, Ícaro e Zildo (três dos denunciados) aparentemente não terem encontrado outros jogadores para manipulação de resultado na mesma rodada, os denunciados não efetuaram pagamento antecipado ao atleta e posteriormente não fizeram a aposta na partida”.

Outros jogadores investigados são Nikolas Farias, zagueiro do Novo Hamburgo-RS e Fernando Jarro Pedroso, atacante do Inter de Santa Maria-RS. Os jogadores receberam a promessa de pagamento de R$ 80 mil e R$ 70 mil, respectivamente, para cometerem pênaltis em partidas do Gauchão.

Como o grupo agia?

 

O MPGO, por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e da Coordenadoria de Segurança Institucional e Inteligência (CSI), já apurou que o grupo criminoso conseguiu manipular resultados de jogos de futebol após subornar jogadores.

A investigação mostrou que os jogadores recebiam entre R$ 50 mil e R$ 100 mil para que realizassem ações específicas durante as partidas, como cartão amarelo, vermelho, pênalti e escanteio.

Foto mostra Ministério Público de Goiás em casa de investigado na Operação Penalidade Máxima — Foto: Divulgação/MP-GO

Foto mostra Ministério Público de Goiás em casa de investigado na Operação Penalidade Máxima — Foto: Divulgação/MP-GO

Na primeira fase da operação, que foi deflagrada em fevereiro, a investigação mostrou que o esquema funcionava da seguinte forma: os apostadores faziam propostas para atletas marcarem pênaltis nos primeiros tempos de cada jogo. Caso os jogadores aceitassem, era feito o pagamento do “sinal”. Após a partida, caso o pênalti tivesse sido feito, os jogadores receberiam o restante do valor combinado.

Na segunda fase, o Ministério Público descobriu que o grupo investigado pedia também aos jogadores que eles tomassem cartões amarelo e vermelho, além do pedido para a derrota de um time.

Segundo o MP, há indícios de que as condutas solicitadas aos jogadores tinham como objetivo que os investigados conseguissem altos lucros em apostas realizadas em sites de casas esportivas, usando, ainda, contas cadastradas em nome de terceiros para aumentar o retorno financeiro.

Foto mostra Ministério Público de Goiás em casa de investigado na Operação Penalidade Máxima — Foto: Divulgação/Ministério Público

Foto mostra Ministério Público de Goiás em casa de investigado na Operação Penalidade Máxima — Foto: Divulgação/Ministério Público

Fonte: G1/Estadão

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