Todos os dias da semana, logo cedo, os pais e familiares palmenses acordam para um dia cheio de atividades, a primeira delas para muitos, é enviar seus filhos às escolas, cada estudante, seja criança ou adolescente, vem de um contexto familiar que, ao mesmo tempo, é parecido com os de muitos, mas também é diferente em casa lar.
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Agora imagine um grupo de aproximadamente 30 desses indivíduos dentro de uma sala de aula, convivendo diariamente por 4 horas e anualmente por 200 dias, são universos em colisão! Se tratando das zonas periféricas da capital, especialmente nas regiões sul e extremo norte de Palmas, temos crianças vindo de famílias de origem humilde e simples, que mal tiveram tempo para entender o motivo de sair de casa todo dia e ir para a escola. Aquela história de ir à escola para “ter um futuro” é tão subjetiva quanto dizer que fazemos caminhada na praça de nossa quadra, para termos mais saúde.
Sabemos que caminhar faz bem, mas aqueles que trabalham o dia inteiro em serviços diversos, não caminham o tempo todo? Qual a diferença daquela caminhada na Praça dos Povos Indígenas, para a caminhada que aquele funcionário faz o dia inteiro entre os departamentos da empresa, ou a caminhada que o trabalhador que vende picolés na rua faz, enquanto oferece seu produto? Da mesma forma, uma criança poderia questionar que ir à escola para “ter um futuro” ou “ter uma profissão” é muito ambíguo. Será que as pessoas que não foram à escola não tem ambos? Ou todos os que foram à escola conseguiram, de fato, garantir um bom futuro com um emprego razoável?
A reflexão que procuro fazer hoje, se trata justamente dessa conversa, que muitos de nós deveríamos ter com nossos filhos, sobre os questionamentos que muitas vezes não fazemos a nós mesmos, sobre o motivo que me faz ir todos os dias ao trabalho depois de deixar minha filha no CMEI.
Veja, não proponho que todos os dias nas mesas de jantares nas casas de Palmas, seja feito um grande debate existencial, mas que conversas mais profundas sejam encorajadas entre as famílias, a fim de não gerarmos outra geração frustrada, que se sente andando em círculos em suas vidas. Um grupo de pessoas que saem para fazer a mesma coisa todos os dias e se sentem quase como máquinas, pouca perspectiva de futuro ou objetivos práticos para alcançar.
O novo ensino médio, não à toa, procurou mudar esta situação ao propor entre as componentes curriculares o Projeto de Vida, a intenção é muito boa e legítima, entretanto, precisamos conversar com nossas crianças sobre o futuro, não apenas quando elas já estiverem no ensino médio. Guardadas as proporções, podemos propor questionamentos simples e buscar ouvi-los e orientá-los em suas dúvidas.