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A suspensão da importação de carne brasileira pela China, após a confirmação de dois casos de mal da vaca louca em frigoríficos de Minas Gerais e Mato Grosso, fez o produto ficar mais barato para a exportação. Mas, aqui no nosso país, o preço da carne bovina segue em alta para os consumidores.
Desde o início do embargo, em 4 de setembro, a cotação da arroba do boi gordo já caiu 9,5%. Mas por que essa queda não é sentida nos bolsos dos brasileiros?
O preço do produto, de fato, recuou no atacado. No estado de São Paulo, por exemplo, o preço ficou menor porque uma parte que seria embarcada para a China foi despachada para o mercado interno. No varejo, entretanto, o preço da carne continua alto.
Esse descompasso entre atacado e varejo se deve a uma diferença no modo de consumo. O mercado interno é abastecido por cortes traseiros (carnes de primeira), enquanto os dianteiros (carnes de segunda) normalmente são voltados para a exportação. É justamente esse último que viu seu preço cair.
Além disso, com a exportação para a China parada, os frigoríficos reduziram os abates e as compras de boi gordo. A menor oferta, por sua vez, levou a um aumento dos preços.
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Embargo da China
Em 4 de setembro, o Ministério da Agricultura confirmou a ocorrência de dois casos de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como mal da vaca louca, em frigoríficos do país. Como consequência, as exportações de carne bovina para a China foram suspensas.
Dias depois, a Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) manteve o status do Brasil de país com “risco insignificante” para a doença. Por se tratarem de casos atípicos – quando não há contaminação -, o órgão considerou que os animais haviam sido atigindos de forma independente e isolada. Por isso, não apresentavam “risco para a saúde humana”.
Mesmo assim, o país asiático resolveu manter o embargo. O problema é que os chineses são um dos principais compradores da carne brasileira. Estatísticas apontam que, entre janeiro e setembro deste ano, a China foi responsável por 50% das exportações de carne bovina (1,27 milhão de toneladas) do Brasil.
Diante disso, na semana passada, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, colocou-se à disposição para ir pessoalmente até Pequim resolver a situação com autoridades locais. Em paralelo, o ministro das Relações Exteriores, Carlos França, realizou uma videoconferência com o ministro de Negócios Estrangeiros da China, Wang Yi, sobre a retomada das exportações. Segundo o Itamaraty, Wang Yi disse acreditar que o assunto será “resolvido rapidamente”.