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O número de indígenas assassinados em 2020 foi o mais alto em 25 anos. Segundo relatório divulgado nesta quinta-feira pelo Conselho Missionário Indigenista (Cimi), foram registrados 182 assassinatos, um recorde desde que o levantamento começou a ser divulgado, em 1995.
Na comparação com 2019, quando foram contabilizados 113 assassinatos, a alta foi de 61%. Segundo a entidade, 2020 foi um ano trágico e a violência contra os povos indígenas atingiu o mais alto patamar dos últimos cinco anos, em crimes contra a vida e o patrimônio. A pandemia de Covid-19 não inibiu a ação de invasores.
Grileiros, garimpeiros, madeireiros e caçadores ilegais continuaram a entrar nas áreas habitadas pelos índios, aumentando também a contaminação pelo coronavírus.
Em 19 estados, 201 terras indígenas foram alvo de 263 invasões e exploração ilegal de recursos naturais, como madeira e ouro. É quase a mesma quantidade de 2019, primeiro ano do governo Bolsonaro, mas 141% maior em relação a 2018.
Das 1.299 terras indígenas do país, 64% seguem com pendências de regularização, das quais 536 são áreas reivindicadas como ocupação tradicional de povos indígenas, sem que existam processos de identificação ou delimitação.
A situação fez crescer a violência e também os conflitos por terra, que somaram 96 no ano passado – 174% a mais em relação a 2019.
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“O governo é a principal causa desta dor”, afirma Antônio Eduardo Cerqueira de Oliveira, secretário executivo do Cimi.
O Cimi afirma que o cenário é desolador e 2020 ficou marcado pela negligência do governo federal com a saúde indígena. Num cenário em que o Brasil enfrentou má gestão do enfrentamento à pandemia e fake news, mais de 43 mil indígenas foram contaminados pelo coronavírus e pelo menos 900 morreram por complicações da Covid-19, segundo dados da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
Oliveira lembrou que o governo federal tomou medidas para legalizar propriedades privadas em áreas indígenas não regularizadas e vetou o projeto de lei que propunha medidas urgentes para conter os efeitos da pandemia nos territórios indígenas, assim como não atendeu a recomendação do Supremo Tribunal Federal para proteção dos indígenas.
“O presidente, no plenário da ONU, disse que os povos indígenas e os caboclos eram os principais culpados pelas queimadas e agressões ao meio ambiente. E continuou falando situações inverídicas, aumentando a violência contra esses povos”, disse.
Os indígenas denunciaram falta de apoio para instalação de barreiras sanitárias e interrupção no fornecimento de cestas básicas e produtos de higiene, necessários para prevenção da doença.
O relatório informa ainda que, segundo os dados da Sesai, morreram 776 crianças indígenas de até 5 anos de idade no ano passado – o maior número de mortes ocorreu no Amazonas (250 casos), seguido por Roraima (162) e Mato Grosso (87).