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A viagem do presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, para receber a cidadania honorária da pequena cidade de Anguillara Veneta, no norte da Itália, no próximo dia 1º de novembro , será marcada por visitas a igreja local, mas também por protestos convocados por diversas organizações.
A agenda do mandatário prevê que ele faça uma visita à paróquia da pequena localidade de quatro mil habitantes para ver os registros de seu bisavô, Vittorio, que são guardados pela igreja – como ocorre em grande parte das cidades italianas. Também há a previsão de uma visita à Basílica de Santo Antônio.
Fontes locais dizem que estaria sendo preparado um almoço para cerca de 70 pessoas, mas este não teria participação dos representantes da paróquia e sim de políticos da cidade. Não há previsão oficial de encontros com os líderes religiosos de Anguillara, nem com a Diocese de Pádua.
A situação da visita e da concessão da cidadania honorária acabou colocando a instituição católica no meio de um fogo cruzado, entre os que defendem a concessão da honraria como os que criticam.
Por conta disso, a Diocese de Pádua se manifestou oficialmente sobre o caso através de nota e, mesmo ressaltando que “a ligação entre a terra veneta e, no caso específico padovana, com o Brasil é muito forte”, destacou que a visita causa “constrangimento”.
“Não se esconde que a conferência da cidadania honorária criou um forte constrangimento, ligado ao respeito pelo principal cargo no querido país brasileiro e as tantas e fortes vozes de sofrimento que sempre nos chegam, e não podemos ignorar, pois são gritadas por amigos, irmãos e irmãs”, diz o comunicado oficial.
Citando as críticas sobre a “instrumentalização da religião”, da pandemia de Covid-19 que já tem mais de 600 mil vítimas no país e do desmatamento da Amazônia, “a Igreja de Pádua […] acolhe a ocasião a passagem do presidente Bolsonaro em Anguillara Veneta para pedir-lhe sinceramente que promova políticas que respeitem a justiça, a saúde, o ambiente e, sobretudo, que apoiem os pobres”.
Protestos – Diversos grupos civis e de oposição política já convocaram protestos para a manhã da segunda-feira na praça da pequena cidade italiana.
Um deles foi convocado pela regional de Pádua da maior associação antifascista italiana, a Associação Nacional dos Partisans Italianos (Anpi). O ato está marcado para às 9h45 na Piazza Matteoti.
Em uma longa postagem, a Anpi Pádua questiona os motivos que levaram a uma série de modificações na legislação local para conceder a cidadania honorária a Bolsonaro, uma homenagem que não existia até outubro deste ano, e questiona os gastos de cerca de 9 mil euros (R$ 54 mil) para fazer a recepção.
A postagem lembra que a concessão da cidadania ocorreu no dia em que o Senado brasileiro aprovou o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 e pediu o indiciamento do presidente por nove acusações, incluindo o crime contra a humanidade. Também cita as questões do afrouxamento da legislação para permitir a exploração das florestas e a expulsão de povos indígenas de suas terras.
“Segundo a Junta de Anguillara, basta que um seja originário de um local e, mesmo se for um criminoso, pode tornar-se um cidadão honorário. Evidentemente, a nomeação de presidente garante o fato, como se a história do mundo não fosse plena de ditadores culpados de crimes contra a humanidade. […] Porém, acreditamos que seja necessário demonstrar que a Itália democrática se opõe a esse comportamento”, escreveu a Anpi em suas redes sociais.
Honraria – A concessão da cidadania honorária a Bolsonaro foi uma proposta da prefeita de direita Alessandra Buoso, que conta com o apoio do partido de extrema-direita Liga, de Matteo Salvini. No entanto, a política deu a entender que a ideia do reconhecimento não foi sua, mas veio de fora.
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“Sem nunca ter dado qualquer passo, fomos contatados por expoentes brasileiros dizendo que finalmente haviam chegado os resultados da pesquisas que confirmavam que o presidente é descendente direto de Anguillara. Pavimentada a possibilidade de uma visita diplomática brasileira, de comum acordo entre as partes, como sinal de reconhecimento, pensou-se em conferir a cidadania honorária”, informa a nota pós-concessão da honraria.
A situação da visita e da concessão da cidadania honorária acabou colocando a instituição católica no meio de um fogo cruzado, entre os que defendem a concessão da honraria como os que criticam.
Por conta disso, a Diocese de Pádua se manifestou oficialmente sobre o caso através de nota e, mesmo ressaltando que “a ligação entre a terra veneta e, no caso específico padovana, com o Brasil é muito forte”, destacou que a visita causa “constrangimento”.
“Não se esconde que a conferência da cidadania honorária criou um forte constrangimento, ligado ao respeito pelo principal cargo no querido país brasileiro e as tantas e fortes vozes de sofrimento que sempre nos chegam, e não podemos ignorar, pois são gritadas por amigos, irmãos e irmãs”, diz o comunicado oficial.
Citando as críticas sobre a “instrumentalização da religião”, da pandemia de Covid-19 que já tem mais de 600 mil vítimas no país e do desmatamento da Amazônia, “a Igreja de Pádua […] acolhe a ocasião a passagem do presidente Bolsonaro em Anguillara Veneta para pedir-lhe sinceramente que promova políticas que respeitem a justiça, a saúde, o ambiente e, sobretudo, que apoiem os pobres”.
Protestos – Diversos grupos civis e de oposição política já convocaram protestos para a manhã da segunda-feira na praça da pequena cidade italiana.
Um deles foi convocado pela regional de Pádua da maior associação antifascista italiana, a Associação Nacional dos Partisans Italianos (Anpi). O ato está marcado para às 9h45 na Piazza Matteoti.
Em uma longa postagem, a Anpi Pádua questiona os motivos que levaram a uma série de modificações na legislação local para conceder a cidadania honorária a Bolsonaro, uma homenagem que não existia até outubro deste ano, e questiona os gastos de cerca de 9 mil euros (R$ 54 mil) para fazer a recepção.
A postagem lembra que a concessão da cidadania ocorreu no dia em que o Senado brasileiro aprovou o relatório da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 e pediu o indiciamento do presidente por nove acusações, incluindo o crime contra a humanidade. Também cita as questões do afrouxamento da legislação para permitir a exploração das florestas e a expulsão de povos indígenas de suas terras.
“Segundo a Junta de Anguillara, basta que um seja originário de um local e, mesmo se for um criminoso, pode tornar-se um cidadão honorário. Evidentemente, a nomeação de presidente garante o fato, como se a história do mundo não fosse plena de ditadores culpados de crimes contra a humanidade. […] Porém, acreditamos que seja necessário demonstrar que a Itália democrática se opõe a esse comportamento”, escreveu a Anpi em suas redes sociais.
Honraria – A concessão da cidadania honorária a Bolsonaro foi uma proposta da prefeita de direita Alessandra Buoso, que conta com o apoio do partido de extrema-direita Liga, de Matteo Salvini. No entanto, a política deu a entender que a ideia do reconhecimento não foi sua, mas veio de fora.
“Sem nunca ter dado qualquer passo, fomos contatados por expoentes brasileiros dizendo que finalmente haviam chegado os resultados da pesquisas que confirmavam que o presidente é descendente direto de Anguillara. Pavimentada a possibilidade de uma visita diplomática brasileira, de comum acordo entre as partes, como sinal de reconhecimento, pensou-se em conferir a cidadania honorária”, informa a nota pós-concessão da honraria.