Com a proximidade do Dia das Mães, uma faceta pouco conhecida, mas profundamente transformadora do amor materno, ganha destaque no Tocantins: o trabalho das mães acolhedoras. São mulheres que participam do Serviço de Acolhimento em Família Acolhedora (SFA), oferecendo temporariamente um lar seguro para crianças e adolescentes afastados das famílias por decisão judicial.
Apesar de essencial para garantir o direito das crianças a um ambiente familiar, o SFA ainda tem baixa cobertura no estado. Hoje, apenas 22 municípios tocantinenses contam com famílias cadastradas para acolher, somando 45 famílias disponíveis, número pequeno frente ao total de mais de 500 mil domicílios no estado. Apenas 11 crianças e adolescentes estão acolhidos sob essa modalidade, distribuídos em sete cidades.
Segundo o Ministério Público do Tocantins (MPTO), um esforço contínuo está em andamento para expandir o serviço. O coordenador do Centro de Apoio Operacional da Infância, Juventude e Educação (Caopije), promotor Sidney Fiore Júnior, explica que o SFA não apenas garante um ambiente mais afetivo e individualizado para as crianças, como também representa um modelo mais econômico para os municípios, em comparação aos abrigos tradicionais.
“A qualidade do SFA depende de uma equipe técnica capacitada. Não se pode improvisar. E a Bolsa Auxílio, em média de um salário mínimo, é essencial para cobrir os custos e reconhecer o trabalho das famílias acolhedoras”, reforça o promotor.
Atuação intensa e metas para ampliar alcance
O MPTO estabeleceu metas para que, até o final de 2025, todos os municípios tenham grupos intersetoriais para estruturar o serviço e, até 2026, realizem ações locais de fomento. A meta final, determinada por decisão judicial, é alcançar todos os 139 municípios até 2028. O órgão tem promovido audiências públicas, reuniões com gestores e criado materiais de apoio para que os promotores locais cobrem a implementação efetiva das leis municipais que já existem.
Em Palmas, por exemplo, a lei que cria o SFA foi aprovada em 2024, e o MPTO acompanha o processo para garantir a regulamentação e o funcionamento do serviço, considerado estratégico para ser referência estadual.
Histórias que transformam vidas
Para quem vive a experiência, como a mãe acolhedora Hellen Kárita Rabelo, de Miracema do Tocantins, o impacto é profundo. “A gente acha que maternidade é só o que sai da gente, mas quando você abre a cabeça para acolher, se transforma”, relata. Hellen acolheu dois irmãos por quatro meses e descreve a experiência como desafiadora, mas recompensadora.
“Ver a transformação dessas crianças não tem preço. Você saber que ajudou uma criança fragilizada a se reerguer com dignidade é algo que muda sua vida e a da sua família”, emociona-se Hellen, destacando também o impacto positivo nos próprios filhos biológicos, que aprenderam sobre empatia e solidariedade.
Como funciona o serviço
O acolhimento familiar não é adoção: é temporário, enquanto a situação da família de origem é avaliada. As famílias acolhedoras recebem acompanhamento técnico e apoio financeiro para custear as despesas com as crianças, além de participarem de formações específicas.
Segundo a assistente social Cássia Teixeira, um dos maiores desafios é encontrar famílias dispostas e, também, garantir que os municípios tenham a estrutura mínima exigida — com equipe técnica, coordenação e espaço físico adequados.
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