A realidade de diversas famílias de origem mais simples, pode ser chocante para muitos que só ouvem falar sobre pobreza e miséria. A despeito dos programas de distribuição de renda, como o Bolsa Família, por exemplo, muitas crianças ainda dependem do lanche escolar, como uma das refeições diárias. Era muito comum em meados de 2010, nas reportagens de retorno às aulas, no início do ano, entrevistarem professores e alunos nas portas das escolas. Me lembro de várias vezes em que era questionado à criança qual era o melhor momento da escola e a resposta era: o intervalo e o lanche. Eu achava graça, hoje apenas reflito.
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Pense sobre as implicações disso: a escola foi e ainda é um dos meios mais eficazes para promover recursos básicos, que são direitos do cidadão, mas principalmente das crianças, tais como Abrigo, para ficar longe das ruas, Educação, para tentar construir um futuro diferente e Comida. Muitas crianças sequer aproveitavam o intervalo de outra forma, ficavam retornando ao final da fila do lanche, a fim de comer até se satisfazer e aquela célebre frase que as mães diziam aos filhos que estavam indo para a escola: “Como bastante na escola!” recebe um significado mais sombrio.
Certa merendeira aposentada da escola pública, conta que já ouviu de uma das crianças, com uma embalagem de manteiga vazia, algo que lhe fez os olhos marejarem: ”Tia coloca um pouco aqui pra eu levar pra mamãe?”. Está aí, o ponto chave para entendermos que, mais investimentos para a educação são necessários, pois o braço social do país não é forte o suficiente para sustentar tantas histórias de sofrimento e invisibilidade.
Hoje estamos um pouco melhor, visto que conseguimos compreender, principalmente com a pandemia, o quanto a escola é importante, por vários motivos, às famílias e às crianças. Entretanto, a questão da assistência social ainda precisa avançar muito, até o ponto de podermos dizer que, ao menos a maioria dos brasileiros, são tratados com dignidade.
Investir na educação e na assistência social é crucial para garantir que todas as crianças tenham a oportunidade de crescer com dignidade e acesso a recursos básicos. Isso não beneficia apenas as famílias individualmente, mas também contribui para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa e equitativa.