Uma professora e uma aluna da Escola Municipal Padre Irton, localizada em Axixá do Tocantins, norte do estado, começaram tratamento contra a leptospirose depois que um rato foi encontrado morto em uma caixa d’ água da unidade escolar. O caso aconteceu no mês passado. Segundo a educadora, que prefere não se identificar, a caixa estava sem tampa há meses.
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Funcionários da escola notaram um mau cheiro na água e informaram à prefeitura da cidade. Um servidor foi enviado ao local e encontrou o roedor. Ao todo, três caixas d’ água são usadas para abastecer a unidade.
A caixa onde o animal estava abastece a cantina e uma ala da escola que atende alunos do 2º ao 9º ano, mas vários alunos podem ter tomado a água. “Lembro que um dia faltou água. A escola não mandou as crianças para casa e nós utilizamos a água da cantina para dar aos alunos. Mas, não sabemos por quanto tempo esse rato ficou lá, também não sabemos quantas crianças beberam a água”.
“Depois que eu vi o rato sendo retirado, fiquei enojada e decidi fazer os exames por precaução. Eu não estava sentindo nenhum mal estar. O primeiro exame deu positivo. Fiz mais dois exames e agora aguardo o resultado. A secretaria de saúde só considera o diagnóstico da doença após o resultado do terceiro exame”, disse a professora.
Uma aluna da escola também fez o primeiro exame e deu positivo. As duas estão realizando tratamento com antibióticos.
A educadora está de atestado e afirma estar abalada. “Estou no meu ambiente de trabalho e pego uma doença? Não adianta chorar ou fazer nada. Só tratar mesmo. Peguei atestado por sete dias porque fiquei abalada e não consigo dar aula”, afirmou.
Outra criança de 10 anos que estuda na escola está internada há 10 dias em um hospital de Augustinópolis. A mãe diz ter ficado com medo de a menina ter sido contaminada. “Ela está com vômito, febre, tontura e dor de cabeça. Não sabemos o que é, pode ser qualquer coisa”. Segundo ela, só os exames podem identificar o que ela tem.
Uma merendeira também teria procurado atendimento hospitalar nesse fim de semana após sentir vômito e diarreia.
Segundo a secretária de educação de Axixá do Tocantins, Maria Claudete Ribeiro de Sousa, a prefeitura está tomando todas as providências. “Foi uma fatalidade. Nós soubemos que a caixa estava sem tampa, estávamos providenciando a limpeza para recolocar a tampa e dois dias depois, ficamos sabendo do mau cheiro na água”.
Na tarde desta segunda-feira, a secretaria de educação fez uma reunião com pais e alunos da escola. “Nosso objetivo é conscientizar os pais para que, se houver qualquer sintoma, providenciem os exames. A gente não fica totalmente tranquilo, mas é algo que poderia acontecer em qualquer lugar. Agora é tomar providências”.
Procurada, a secretária de saúde informou que os testes realizados na rede particular não servem como forma de comprovação da doença. “Esse teste [feito pela funcionária da escola], mediante os protocolos do Ministério da Saúde, ele não é um teste comprovatório. Porque se a paciente tiver qualquer infecção, infecção de gripe, viral, alguma coisa, ele pode dar alteração”, explicou a secretária de saúde.
Ela informou ainda que se o paciente apresenta sintomas são realizados dois exames do mesmo tipo em laboratórios públicos e que se eles tiverem resultados positivos o caso é encaminhado para um laboratório especializado em Belém que vai comprovar ou descartar o caso.
Disse ainda que foi montada uma equipe que vai ficar em um postinho especial para atender alunos que apresentem sintomas. Os casos serão notificados, realizada a coleta para exame e encaminhados para médicos especialistas quando houver suspeita da doença.
Leptospirose
A leptospirose é uma doença infecciosa transmitida por uma bactéria (leptospiras) presente na urina do rato. Entre os sintomas da doença, estão febre, dor de cabeça, dor muscular (principalmente nas pernas, na área das panturrilhas). Também podem ocorrer vômitos, diarreia e tosse.
Os primeiros sintomas podem aparecer de um a 30 dias. Na maior parte dos casos, aparece 7 a 14 dias após o contato. O tratamento é baseado no uso de antibióticos, hidratação e suporte clínico, orientado sempre por um médico, de acordo com os sintomas apresentados. Os casos leves podem ser tratados em ambulatório, mas os casos graves precisam ser internados.