Saúde
Fake news sobre saúde levam cada vez mais pessoas ao médico
Mensagens falsas publicadas na internet, com a promessa de tratamentos alternativos, têm levado um número cada vez maior de pessoas para o hospital.
O aposentado Carlos Macedo descobriu em um exame de rotina que estava com hepatite e resolveu se tratar por conta própria, com receitas de chás que encontrava na internet. Uma decisão que quase custou a vida dele. “Quando procurei um especialista, já estava com uma cirrose instalada e dessa cirrose veio um câncer de fígado e tive que me submeter a uma cirurgia”, explicou.
Quem nunca viu na internet ou recebeu por aplicativos de mensagem dicas de tratamentos alternativos para diversas doenças? O Ministério da Saúde mantém um canal na internet para receber essas informações da população. Em seis meses, quase 1.200 fake news foram desmentidas, como o uso de limonada quente para curar câncer e o risco de vacinação causar autismo.
“Quando um indivíduo, hoje, alardeia que não é para vacinar porque tem risco disso, daquilo, sem nenhuma comprovação científica, ele tá fazendo um mal imenso à humanidade”, afirmou o médico hepatologista Raymundo Paraná.
O ambulatório especializado em doenças do fígado do Hospital das Clínicas de Salvador atende por mês pelo menos 20 pacientes vítimas de fake news. A dona de casa Beatriz Santos tentou curar uma infecção urinária com suco de noni, uma fruta asiática. Produtos à base de noni são proibidos no Brasil pela Anvisa, porque não têm comprovação científica e causariam danos ao fígado. Beatriz acabou desenvolvendo uma hepatite.
“Lá dizia que era bom para a infecção e, na verdade, não foi e causou outros danos em mim”, disse.
Alguns pacientes levam os remédios ou supostos remédios que vinham consumindo, é comum no ambulatório. Um senhor de 81 anos, por exemplo, estava usando um remédio que comprou pela internet. Segundo a embalagem, são pílulas produzidas com sete ervas indicadas para reumatismo, gota, artrite e dores na coluna. A embalagem diz também que essas pílulas não têm contraindicações.
Os produtos são analisados e os farmacêuticos dizem que nem sempre dá para saber exatamente o que eles contêm. “Muitas vezes é difícil tentar identificar qual espécie vegetal e do que se trata e o que efetivamente tem dentro daquele composto, seja uma cápsula, seja um sachê, por exemplo”, explicou Genário Santos.
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