A Argentina começa a testar um soro hiperimune contra o novo coronavírus, feito a partir do plasma de equinos. A droga potencial já está em fase de ensaio clínico para o tratamento de pacientes com Covid-19.
A notícia foi divulgada no final de julho pelo laboratório Inmunova, responsável por desenvolver a solução em cooperação com institutos e universidades de medicina da Argentina. O tratamento teve grande repercussão na mídia internacional e foi recebido como uma “nova esperança” de cura para a Covid-19.
A Administração Nacional de Medicamentos Alimentos e Tecnologia Médica (ANMAT), órgão do Ministério da Saúde da Argentina, aprovou o protocolo de pesquisa para o estudo clínico do soro hiperimune anti-Covid-19. Este poderá ser o primeiro medicamento argentino para o tratamento da infecção por SARS-CoV-2.
Nesta fase, o estudo deve avaliar a segurança e a eficácia da solução hiperimune em termos de melhora clínica do paciente, impedindo a progressão da doença. O objetivo é desacelerar e neutralizar o vírus, evitando que o paciente necessite de assistência respiratória mecânica ou transferência para uma unidade de terapia intensiva.
O soro é destinado a pacientes com sintomas moderados a graves de Covid-19, ou seja, com diagnóstico confirmado e que estejam hospitalizados. A idade para participar dos testes é entre 18 e 79 anos.
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Os testes estão sendo feitos na capital Buenos Aires, nos hospitais Güemes (privado) e Pirovano (público), e no Instituto Médico Platense, na província de Buenos Aires. Em seguida, serão aplicados em cerca de 10 centros de saúde da Grande Buenos Aires (AMBA), onde 90% dos casos de coronavírus do País estão concentrados, e na região da Grande La Plata.
O soro hiperimune foi desenvolvido com a participação do laboratório Inmunova, da Universidade Nacional de San Martín (UNSAM), do Instituto Biológico Argentino (BIOL), da Fundação Leloir Institute (FIL), da biofarmacêutica Mabxience, do Conselho Nacional de Investigações Científicas e Técnicas (CONICET), do Instituto ANLIS-Malbrán e do Instituto de Virologia Dr. José M. Vanella da Universidade Nacional de Córdoba (UNC).
Do que se trata o soro equino hiperimune anti-COVID-19
O soro é uma imunoterapia baseada em anticorpos policlonais, obtida através da injeção de uma proteína recombinante SARS-CoV-2 em cavalos, o que faz com que eles gerem um grande número de anticorpos neutralizantes.
Após a extração do plasma, esses anticorpos são purificados e processados, através de técnicas de biotecnologia, para obter fragmentos dos anticorpos com alta pureza e bom perfil de segurança.
Os testes “in vitro” demonstraram uma grande capacidade de neutralizar o vírus – cerca de 50 vezes maior que a média do plasma convalescente. Explicou Fernando Goldbaum, diretor científico da Inmunova e pesquisador da Conicet, em meados de junho, quando a pesquisa foi anunciada. “O equino é uma biofábrica. Com muito poucos cavalos, você pode obter muito soro”, completou Goldbaum.
“O soro obtido contém um grande número de anticorpos com capacidade de neutralização, ou seja, é capaz de impedir que o vírus entre nas células, que é onde ele se multiplica”, diz o relatório sobre a pesquisa. O desenvolvimento e seus resultados foram publicados na revista argentina Medicine.
Até a última segunda-feira (3) a Argentina registrava 206.730 casos de Covid-19, dos quais 3.813 resultaram e óbito e 91.289 foram recuperados. Apesar do incremento de casos do novo coronavírus, o País mantém um dos menores índices de mortalidade pela doença do Continente.