Em meio ao tempo de seca, um colorido deslumbrante contrasta com a vegetação pálida do cerrado e forma um tapete de flores nas avenidas e áreas verdes de Palmas. É o anúncio da chegada da temporada dos Ipês, espécies comuns no cerrado, que neste mês de agosto começam a desabrochar e a dar um tom amarelo à cidade. Os ipês estão entre as espécies utilizadas pelo Programa MudaClima, gerido pela Fundação Municipal de Meio Ambiente (FMA), em ações ambientais voltadas para a ampliação da cobertura vegetal na Capital.
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O ipê amarelo é o mais abundante na Capital, e em outros meses também é possível encontrar o branco, o rosa e o roxo, que normalmente florescem em períodos diferentes. Mestre em Biodiversidade, Ecologia e Conservação – UFT, a bióloga Silene Lívia Aires de Oliveira explica que a primeira espécie do ipê a florir é o roxo, quando há mais umidade, logo após o fim das chuvas; na sequência vem a floração do ipê rosa, mas é no auge do calor e da baixa umidade que surgem as flores do ipê amarelo, e quando está prestes a terminar o tempo de seca, floresce o ipê branco, anunciando a chegada da primavera e o início das chuvas.
Oliveira destaca que essa floração não é enrijecida, uma vez que não é raro encontrar simultaneamente uma linda aquarela de ipês na paisagem do cerrado. Para a bióloga, quanto mais o tempo está seco e menor a taxa de umidade no ar, mais o ipê amarelo floresce e se destaca. “Esse fenômeno está relacionado ao aspecto fisiológico e bioquímico da planta, como o teor de nutrientes, teor de hormônios, fatores exógenos, como temperatura, sazonalidade e disponibilidade de água”.
Além da beleza, o ipê traz consigo a grandeza da resiliência do cerrado, quando tudo seca ao seu redor, quando a vegetação fica pálida e cheia de poeira vermelha, ele surge amarelo e suas cores deixam a paisagem desértica vibrante. “Para o ipê florescer é preciso que todas as folhas da árvore caiam, pois a planta precisa economizar água para investir nas flores, frutos e sementes”, explica a bióloga, que acrescenta que a floração do ipê é rápida, principalmente nesse período de fortes ventos, quando as flores caem no chão formando tapetes coloridos. Nesse momento as flores já foram polinizadas, principalmente por beija-flores e abelhas, e as sementes estão prontas para serem espalhadas pelo vento.
Espécies
Ainda segundo a bióloga, o ipê é uma árvore tipicamente brasileira e existem mais de 100 espécies no país. “Em Palmas também é possível encontrar várias espécies só do ipê amarelo”. Ela conta que há árvores com caules mais retilíneos e encorpados, e com flores mais robustas, e árvores com caules retorcidos, mais baixas, e com flores pequenas, mas todas são ipês.
A beleza desta época do ano também é uma oportunidade de tirar fotos marcantes, e é nas redes sociais que essas árvores vêm ganhando maior destaque entre os palmenses. “Esse colorido deixa qualquer foto mais linda. Eu amo tirar fotos, e aproveito essa oportunidade para garantir cliques lindos, que depois vão todos para o Instagram”, acrescentou a funcionária pública Verônica Nunes, que tem como um dos locais favoritos para fotografar, nesta época do ano, a Avenida LO-08, próximo ao colégio Marista.
MudaClima
Os ipês são utilizados pelo Programa MudaClima em ações ambientais com o objetivo de ampliar as áreas sombreadas para o conforto climático da cidade. As espécies são cultivadas no Horto Florestal da FMA, onde são produzidas anualmente cerca de 60 mil mudas de espécies nativas para utilização em ações municipais de arborização.