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As manifestações continuam nas ruas de cidades do Sudão, em protesto contra o golpe de Estado militar e a prisão de dirigentes civis, especialmente do primeiro-ministro Abdallah Hamdonk, retido em casa.
O diretor do Serviço de Aviação Civil anunciou que o aeroporto de Cartum deverá reabrir ao meio-dia de hoje (27).
Vários países criticaram o golpe de Estado militar, sobretudo depois de o general Abdel Fattah al-Burhane, líder do movimento, ter anunciado a dissolução de todas as instituições do Sudão e a prisão dos líderes civis.
O movimento dos militares põe fim à frágil transição democrática no país, iniciada em 2019.
Após o golpe de Estado, nessa segunda-feira, Washington suspendeu parte da ajuda financeira ao país, um dos Estados mais pobres do mundo, e a União Europeia (UE) admite adotar a mesma medida.
Para a diplomacia de Moscou, os acontecimentos no Sudão “são resultado lógico de uma política fracassada”.
Espera-se ainda uma reação do Conselho de Segurança das Nações Unidas e do Fundo Monetário Internacional, instituição que gere a ajuda financeira ao país.
Nesta quarta-feira, quatro manifestantes morreram durante disparos da polícia, em Cartum, a capital.
As forças de segurança desmontaram algumas barricadas e, segundo a France Presse, estão prendendo manifestantes que se opõem ao golpe.
Em 2018 e 2019, as manifestações de protesto – que fizeram mais de 250 mortos – levaram ao afastamento, pelos militares, do ditador Omar el Bechil.
De acordo com a AFP, na capital sudanesa os militares ocupam posições com veículos blindados nos arredores da cidade.
Grupos políticos apelaram à “desobediência civil”, e os sindicatos decretaram greve geral.
A maior parte dos estabelecimentos comerciais está fechada e há cortes constantes nas telecomunicações, o que impede os manifestantes de estabelecer ligações com o exterior.
Vários dirigentes políticos foram presos, e o campus da Universidade de Cartum encontra-se ocupado pelas forças militares.
Nessa terça-feira, para denunciar a violência e o golpe de Estado, os embaixadores sudaneses em Paris, Bruxelas e Genebra rejeitaram diretamente as ações dos militares e proclamaram suas sedes como “embaixadas do “povo”.
Primeiro-ministro
O primeiro-ministro deposto do Sudão, Abdallah Hamdok, e a sua esposa voltaram para casa nessa terça-feira à noite, um dia depois de terem sido detidos pelos militares que promoveram o golpe.
Não há informações se o governante ficará em prisão domiciliar. Ele foi detido e transferido para um “local desconhecido”, depois de se ter recusado a assinar declaração de apoio ao golpe de Estado.
*Matéria alterada para acréscimo de informações