Termina às 23h59 desta sexta-feira (30) o prazo para a entrega da Declaração do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) 2025, referente ao ano-calendário de 2024. Quem não entregar dentro do prazo já começa a contar com multa automática, além de riscos como bloqueio de CPF, restrições em financiamentos e outras penalidades aplicadas pela Receita Federal.
Mesmo com a facilidade de acesso a plataformas digitais e com os sucessivos alertas da Receita, milhões de brasileiros ainda não entregaram a declaração. A dificuldade não é novidade. Segundo especialistas, o problema se repete ano após ano, alimentado pela falta de organização, dúvidas sobre regras e a própria complexidade do sistema tributário brasileiro.
O contador tributarista André Charone, mestre em negócios internacionais e autor do livro “Declaração de Imposto de Renda: Dicas e truques que o Leão não quer que você saiba”, alerta para os riscos de fazer a declaração na correria.
— A pressa compromete a precisão. O contribuinte se foca no prazo, mas esquece que erros podem gerar notificações, cair na malha fina e até autuações. Hoje, o cruzamento de dados é automático, e qualquer inconsistência é detectada rapidamente — afirma.
Receita mais digital, fiscalização mais rigorosa
Nos últimos anos, a Receita Federal ampliou o uso de inteligência de dados. O cruzamento de informações ocorre em tempo real, utilizando bases como e-Financeira, DIRF, DMED, DIMOB, além de dados de fintechs, planos de saúde, bancos e imobiliárias.
— A Receita já sabe o que você deveria declarar. Sua função é confirmar ou justificar. Isso exige máxima atenção, especialmente com os rendimentos dos dependentes, despesas médicas e informes financeiros — reforça Charone.
Erros que mais levam à malha fina
O especialista lista os principais erros cometidos na pressa da reta final:
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Omissão de rendimentos de dependentes
É comum esquecer rendimentos de filhos, pais ou outros dependentes, como pensões, bolsas, estágios e investimentos. -
Dedução irregular de despesas médicas
Recibos sem nota fiscal ou divergentes dos registros de clínicas, hospitais e planos de saúde levam rapidamente à malha fina. -
Informações bancárias desatualizadas
Erro em número de conta ou agência faz a restituição travar, exigindo procedimentos manuais que podem durar meses. -
Deduções fictícias ou infladas
Inserir despesas inexistentes ou não dedutíveis, como mensalidades escolares sem respaldo legal, é facilmente identificado e punido.
O que fazer nos últimos dias
Charone orienta quem ainda não declarou:
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Priorizar o uso da declaração pré-preenchida, disponível para quem possui conta gov.br nível prata ou ouro.
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Se faltar algum documento, entregar mesmo assim e depois retificar. A multa é por atraso na entrega, não pela retificação.
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Revisar com atenção as fichas de rendimentos, bens e pagamentos. “Melhor gastar mais uma hora agora do que meses lidando com a malha fina”, alerta.
E quem perder o prazo?
A não entrega gera multa mínima de R$ 165,74, podendo chegar a até 20% do imposto devido, além de restrições como:
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CPF bloqueado para financiamentos e cartões
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Dificuldade para assumir cargos públicos
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Impedimentos em transações financeiras
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Restrições na emissão de certidões negativas
IR como ferramenta de planejamento
Mais do que cumprir uma obrigação legal, a declaração do IR também pode ser uma oportunidade para avaliar a saúde financeira.
— Uma boa declaração reflete sua vida financeira com precisão. Ela permite organizar o patrimônio, identificar distorções e planejar formas de reduzir legalmente a carga tributária nos próximos anos — finaliza Charone.
O prazo está acabando, mas ainda dá tempo de fazer com responsabilidade. Declarar corretamente é também um passo para garantir segurança e tranquilidade financeira.
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