Segundo a Organização Pan Americana de Saúde (Opas), metade de todas as condições de saúde mental começam aos 14 anos de idade, mas a maioria dos casos não é detectada, nem tratada. E as consequências são cada vez mais preocupantes. Além do aumento da depressão e ansiedade, dados da Opa registram crescente ocorrência de suicídios entre jovens de 15 a 24 anos no continente americano.
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No Brasil, dados do Setembro Amarelo, iniciativa criada com o apoio da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) com o objetivo de alertar para a prevenção do suicídio, registra que cerca de 12 mil suicídios acontecem todo ano no país, e crescendo bastante entre os jovens. E praticamente 100% dos casos estão relacionados a doenças mentais como depressão, transtorno bipolar e também abuso de substâncias.
Mas, de acordo com a ABP, o suicídio pode ser evitado: para cada ato cometido, 20 tentativas são feitas. A psiquiatra Miriam Gorender, professora associada do Departamento de Neurociências e Saúde Mental da UFBA (Universidade Federal da Bahia), e diretora secretária adjunta da ABP, alerta que um tratamento adequado consegue prevenir nove entre dez destas mortes. “Para prevenir o suicídio, em qualquer idade, não basta apenas falar ou acolher. É preciso agir e tratar”.
Como identificar que o jovem precisa de ajuda
De acordo com a psiquiatra, a população que comete suicídio começa em idade cada vez mais jovem, e a grande maioria dos transtornos pode começar, e muitos, de fato, começam, preferencialmente, na infância ou adolescência, com exceção da demência. “Infelizmente não há idade para adoecer, e mesmo crianças pequenas podem sofrer com doenças psiquiátricas e vai precisar de ajuda, inclusive para evitar o suicídio”.
Quanto aos sinais, os mais possíveis são as mudanças no comportamento:
• Isolamento, inclusive dos amigos e das atividades sociais
• Irritabilidade excessiva
• Impulsividade
• Tristeza constante
• Queda no rendimento escolar
• Dificuldade de relacionamento com pessoas da mesma idade
• Facilidade em adoecer e de sofrer acidentes (atração por comportamento de risco)
• Medo, ansiedade e preocupação excessivas
• Mudança de humor além do habitual
• Falta de interesse por atividades típicas dessa fase
• Alteração do sono
• Agressão física ou verbal muito acentuadas
Quando perceber se é algo mais grave ou apenas típico da idade
A psiquiatra orienta que, em primeiro lugar, o mais sensato é perguntar, sem julgamentos, o que pode estar acontecendo, e ouvir o que o filho diz. Se houver a suspeita de adoecimento ou risco de vida, tem que levar ao especialista para avaliação. “O procedimento deve ocorrer como se fosse qualquer outra doença”, orienta a psiquiatra.
Outros fatores e riscos
Fatores emocionais como rejeição, bullying, exclusão, falta de apoio, negligência com a qualidade de vida e ambientes sociais pouco promissores, além de fatores genéticos, contribuem para desencadear comportamentos que podem levar ao surgimento de alguns transtornos.