Imagine a seguinte situação: uma mensagem pelo WhatsApp oferece um empréstimo atrativo, com taxas de juros mais baixas ou valor pré-aprovado alto. Para ter direito a ele, é preciso fazer um depósito antecipado no mesmo dia e o mais rápido possível. Aparentemente, ao analisar o site e a própria conta do WhatsApp, tudo indica ser uma comunicação de uma instituição financeira. O atendente é solícito e conduz a conversa por meio de áudios. Essas são algumas das características de um dos golpes financeiros que mais tem crescido: o do WhatsApp.
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Nos últimos dois anos, essa fraude teve um salto de quase 200%, de acordo com levantamento realizado pelo Reclame Aqui. Os criminosos usam os nomes e aspectos como identidade visual das fintechs, que vivem momento de ascensão no mercado financeiro, para enganar as vítimas. Sabendo disso, as fintechs estão usando seus canais de comunicação para alertar a sociedade. Um dos objetivos é conscientizar a população sobre essas práticas lesivas a fim de que as pessoas desconfiem sempre e, em caso de dúvida, não prossigam.
Para não cair em ciladas do tipo, a Associação Brasileira de Crédito Digital (ABCD) elaborou sete dicas para se proteger na rede.
Depósito antecipado
Uma empresa idônea jamais exigirá do consumidor depósito antecipado para liberar um empréstimo. “Essa prática é ilegal e está sujeita inclusive à responsabilização criminal, podendo ser enquadrada no crime de estelionato – artigo 171 do Código Penal. Se for vítima, a orientação é fazer um boletim de ocorrência o mais rápido possível”, afirma Rafael Pereira, presidente da ABCD.
Exigência de fiador
Outra exigência ilegal. Na ânsia de obter o empréstimo, há quem pague fiador. Essa é, aliás, uma das características aproveitadas pelos criminosos: eles utilizam a fragilidade da pessoa, que costuma estar em dificuldades financeiras, para concretizar o golpe. Em qualquer modalidade de empréstimo, interessam apenas e tão somente as informações financeiras do tomador de crédito.
Promessa de elevação da nota de crédito
Há quem prometa melhorar sua nota de crédito, também chamada de score. Isso não é possível. “O score diz respeito ao histórico de pagamentos de cada pessoa física ou jurídica. Para chegar a ele, os birôs de crédito realizam um trabalho sério e reconhecido internacionalmente. Seu score só pode ser consultado/acessado por você nos sites dos birôs, não estando aberto a outros consumidores”, detalha Pereira.
Cópia ou reprodução do site
Os golpistas costumam simular sites de instituições financeiras para atrair pessoas interessadas em contratar crédito. Como os ambientes são parecidos, a vítima não percebe que se trata de um site fraudulento. A orientação é conferir o endereço eletrônico, analisando os links antes de clicar neles. O cadeado ou a expressão https, por exemplo, é importante. O S do https, assim como o cadeado, indica que o site é de fato confiável – de procedência segura.
Conta do tipo pessoa física
No golpe do WhatsApp, as vítimas depositam o valor exigido em contas bancárias pertencentes a pessoas físicas. Esse é um dos sinais de golpe. As instituições financeiras trabalham com contas do tipo pessoa jurídica. Elas jamais farão ou pedirão qualquer transação bancária via pessoa física.
Links enviados por remetentes desconhecidos
Para invadir seu computador ou celular, os criminosos enviam links por e-mail, WhatsApp ou SMS. Os textos que acompanham esses links são tentadores. Alguns prometem prêmios. De novo: a regra é desconfiar sempre.
A grande maioria dos golpes repassados via WhatsApp contam com algum tipo de mensagem relacionada a promoção mirabolante, como a promessa de conta grátis na Netflix. Também é muito comum a promessa de vagas de emprego. Sempre duvide de qualquer mensagem repassada via WhatsApp que prometa alguma coisa. Na dúvida consulte os canais oficiais de comunicação das empresas citadas na suposta promoção.
Outra dica valiosa é ativar a verificação de duas etapas no WhatsApp. Esse recurso cria mais uma camada de proteção contra possíveis invasões à sua conta.
Um tipo de invasão que está se tornando cada vez mais comum no WhatsApp é a o SIM Swap, que explicamos em detalhes num artigo separado. Basicamente essa invasão consiste no repasse de um número de telefone do usuário alvo para um novo chip, que está em posse do cibercriminoso.
Recentemente houve um golpe repassado via WhatsApp que utilizou essa técnica. Um suposto organizador de um evento VIP liga para a vítima dizendo que ela tem ingressos grátis para uma festa, um show – é sempre algo muito atraente! O golpista, então, diz que enviou um código por SMS para vítima e solicita que ela confirme os seis números recebidos. O que a vítima não percebe é que, na verdade, eles são o código de verificação de sua conta no WhatsApp.
Garantia de rentabilidade e/ou alta taxa de rendimento
Cuidado com as falsas promessas de investimento. A garantia de rentabilidade e a alta taxa de rendimento – ou ainda as duas combinadas – aparecem com frequência nos golpes. “Uma forma de se proteger é verificar se quem faz a oferta é credenciado pela Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), que tem credibilidade por representar as instituições financeiras”, finaliza Pereira.