Em homenagem à história e à sociedade palmense que comemora os 33 anos da Capital nesta sexta-feira, 20, o Jornal Sou de Palmas preparou um conteúdo especial contando a a trajetória de vida de Carolina Palma Lasprilla, colombiana que se mudou para Palmas e hoje é personalidade de destaque no município.
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Quem é Carolina
Natural de Bogotá, capital da Colômbia, Carolina nasceu em 1987 e conta que ainda pequena foi abandonada pelos pais tendo que cuidar de si mesma sozinha desde cedo.
Com o passar do tempo, ela aderiu ao movimento hippie e tornou-se mochileira viajando pelo mundo e sobrevivendo da venda do artesanato que confeccionava e de apresentações de malabarismo pelas ruas: “Era o que eu sabia fazer, viajei por 11 países e não ficava mais de dois meses na mesma cidade, mas em Palmas foi diferente”, declarou Carolina.
Chegou de bicicleta e nunca mais saiu
No ano de 2013, aos 26 anos, Carolina chegou na Capital tocantinense de bicicleta, ela conta que na época era seu único meio de transporte.
Vivendo em uma barraca na Praia da Graciosa, ela vendia artesanato e praticava malabarismo na ruas e avenidas palmenses na esperança de juntar dinheiro para pagar o aluguel de uma kitnet em Taquaralto, região sul de Palmas.
“Não foi fácil, foi um luta muito grande, trabalhei debaixo de muita chuva e sol”, afirmou Carolina.
Em contrapartida, ela ressalta que as pessoas em Palmas são muito acolhedoras: “Desde o início me senti muito querida e abraçada pelas pessoas daqui, agradeço tanto as que me davam uma moeda no semáforo quanto as que me ajudaram a mudar de vida”, evidenciou.
Carolina se mudou para o setor Morada do sol, na região sul da Capital, e lá teve contato com uma missionária que a levou para uma igreja evangélica. Esse momento, para a colombiana, foi um divisor de águas.
Ela enfatiza que sempre esteve sozinha, pois não tinha família e não conhecia ninguém em Palmas, mas a religião foi uma âncora para Carolina e serviu de auxílio para enfrentar os obstáculos da vida.
Resgate da irmã
Depois de sua conversão, Carolina comenta que se sentiu tocada para ir resgatar sua irmã e seu sobrinho das ruas. A mesma sofria com crises de esquizofrenia, chegou a ser abusada sexualmente e engravidou de um menino que na época tinha 4 anos.
Carolina buscou a irmã e assumiu a responsabilidade legal por ela. Tomou conta também do sobrinho como se fosse seu próprio filho.
Luta pelos estudos
Com filhos e uma irmã 100% dependentes, Carolina logo se preocupou em estudar. Devido às suas condições de vida, nunca teve a oportunidade de concluir a escola.
Sem documentos e com a certidão de nascimento na Colômbia, mais dificuldades para completar os estudos apareceram para Carolina.
Felizmente, com a ajuda de um amigo de sua cidade natal, ela conseguiu a cópia da certidão e as portas começaram a se abrir.
No entanto, não deixou de ser um processo difícil, aos 29 anos ela decidiu terminar o ensino fundamental. A rotina incluía os estudos, cuidar dos filhos e da irmã, muitas vezes, Carolina precisou levá-los para escola, pois não havia outra pessoa para tomar conta deles.
Persistindo, Carolina vendia artesanato e bombons para para os alunos na porta do colégio e continuava a apresentar malabarismo nas ruas para garantir o sustento de todos que dependiam dela.
“Eu não conseguia dinheiro para gás, precisava usar álcool para cozinhar. Quando não conseguia isso, comprava uma marmitex e dividia entre todos, com certeza foi uma situação dura”, lembrou ela.
Filhos, irmã, trabalho e estudos. Com essa rotina, a colombiana conseguiu terminar o segundo grau e ingressar em um magistério.
Ela agradece imensamente todos que tiveram um papel importante nessa conquista: “Aqui em Palmas, eu encontrei verdadeiros anjos, todos os professores e diretores, sem eles nada disso seria possível”, disse.
Novos caminhos abertos em Palmas
Em 2019, Carolina se mudou para o Recanto das Araras I, na região sul de Palmas. Ela foi a terceira moradora do bairro e desde o começo se empenhou em trazer mais qualidade de vida para as pessoas que ali residiam.
No início de 2021, ela se tornou a presidente da Associação de Moradores do setor Recanto das Araras I e II. Ela conta que seu objetivo é facilitar a vida dos moradores para que eles tenham oportunidade de crescer.
Hoje casada, com cinco filhos, cuidando da irmã, com casa própria, empregada como professora e cursando faculdade de pedagogia, Carolina se sente completamente realizada: “Me considero uma pessoa mais que bem sucedida”, afirma ela.
Carolina chegou aqui como estrangeira, mas foi em solo palmense que ela finalmente encontrou um lar para crescer junto com sua família e entes queridos.
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