Um homem, conhecido na cidade de Mirandópolis, interior de São Paulo, por usar um carro de som para ler notas de falecimento, repercutiu nas redes sociais por deixar gravado um áudio anunciando a própria morte. João Geraldo Roveri, de 65 anos, trabalhava na área há mais de uma década. (ouça aúdio no final da matéria).
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A mensagem reproduzida pelas mesmas caixas de som que comandou, resume um pouco a forma como o morador preferia levar a vida.
“Atenção, comunicamos nota de falecimento. Faleceu, nesta cidade, esse que vos fala. Aguardo a sua presença no velório municipal para os nossos últimos contatos. Favor, levar drinques e quitutes. E, atenção, caso não possa ir, venho lhe buscar”, diz o áudio deixado por João, em tom de brincadeira.
Brincalhão
De acordo com a fonoaudióloga Selene Lipe, João Geraldo era muito conhecido e querido por todos os moradores de Mirandópolis. Ele morreu no sábado (2), após não resistir a um infarto.
“O João teve uma banda, uma rádio e era contratado pelas agências funerárias para fazer notas de falecimento com o carro de som. A voz de João era extremamente conhecida. Sabíamos que alguma festa seria anunciada ou ouviríamos uma nota de falecimento quando escutávamos a voz de João”, diz.
Segundo a fonoaudióloga, o áudio que começou a circular pelas ruas e avenidas de Mirandópolis foi gravado em 2015, antes mesmo de João Geraldo descobrir um problema no coração.
“O João fez a nota, mandou para os amigos e disse que era o último pedido de morte. Ele espalhou para várias pessoas. Lembro que os amigos deram risada. Ele era muito boêmio, usava sempre um chapéu ou um lenço e brincava com todos”, explica.
Pode parecer estranho para desconhecidos o fato do morador ter gravado o áudio para anunciar a própria morte, mas para amigos e familiares não foi.
“O João sentiu que não estava legal no sábado e se despediu dos amigos e familiares. Ele sempre encarou a morte como uma passagem e cumpriu a missão para que veio na terra. Achei, realmente, uma lição de vida. Todos deveriam encarar a morte dessa forma”, diz a fonoaudióloga.
Selene estava trabalhando no dia em que o velório foi realizado, mas fez questão de sair mais cedo e participar da cerimônia fúnebre, principalmente por conta das últimas palavras ditas por João Geraldo.
“Fiquei bastante assustada quando comecei a ouvir a nota de falecimento sendo reproduzida pelo carro de som. Fiz questão de ir ao velório, porque o João dizia que buscaria quem não fosse”, brinca a moradora.
OUÇA AÚDIO: