A Polícia Civil de Garibaldi, na Serra do Rio Grande do Sul, e o Ministério do Trabalho investigam a suspeita de irregularidades no caso de uma idosa desaparecida desde 1979 encontrada vivendo em um hotel da cidade. A mulher de 73 anos voltou ao convívio da família, em Cachoeirinha, na Região Metropolitana.
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O que se sabe e o que falta saber sobre o caso:
1. Quem é a idosa?
A identidade da mulher não foi divulgada pela polícia. Contudo, segundo o delegado Marcelo Ferrugem, a idosa era conhecida em Garibaldi por um nome diferente daquele pelo qual foi registrada.
2 .Quando a mulher desapareceu?
A mulher desapareceu há cerca de 44 anos, em 1979, de acordo com a polícia.
3. Por qual motivo ela deixou a família?
Conforme o delegado responsável pelo caso, a mulher teria se afastado da família por conta de uma desavença.
“A senhora teria se afastado da família em 1979, por alguma desavença, algo que não está bem esclarecido. Desde então, a família não soube mais dela”, diz Ferrugem.
4. Onde e como ela foi encontrada?
A mulher foi localizada no dia 31 de janeiro, em um hotel de Garibaldi. A Polícia Civil chegou até a mulher após receber denúncias de que ela se encontrava nas dependências do estabelecimento.
5. Por que a família demorou tanto para buscá-la?
O registro do desaparecimento só foi feito em 2021 por uma sobrinha que ficou sabendo de uma campanha de identificação de desaparecidos. Os parentes vivem em Cachoeirinha, a 117 km de Garibaldi.
6. O que a polícia investiga?
Atualmente, a Polícia Civil investiga a suspeita de maus-tratos. A possibilidade de cárcere privado foi descartada pelo delegado. Segundo o hotel, a mulher tinha livre trânsito no local e alimentação disponível.
7. O que o Ministério do Trabalho apura?
Funcionários do local informaram a polícia que a idosa trabalhou como servente no estabelecimento na década de 1990. Em depoimento, a mulher disse que foi demitida em 2000, mas que foi mantida no local sem vínculo empregatício.
Ela ganharia de R$ 25 a R$ 50 por semana, sem folgas nos finais de semana, e trabalharia na manutenção do hotel. Com base nisso, o Ministério do Trabalho (MTE) apura se a mulher era mantida no local em condição semelhante à de escravizada.
8. Como era o local onde a mulher vivia?
Segundo a investigação, ela vivia em um quarto afastado da área de hóspedes. O ambiente não tinha iluminação natural e o banheiro não era próximo.
“As condições de higiene no local eram precárias, roupas de cama e colchão muito sujos. Ela fazia as necessidades em um balde”, explica o delegado.
Os agentes do MTE observaram que alguns móveis foram reparados e trocados de lugar entre a abordagem da polícia e a vistoria do órgão de fiscalização. Na primeira ocasião, não havia iluminação, os móveis estavam quebrados e não tinha pia no banheiro. Depois, havia lâmpadas e uma pia, além de móveis que foram consertados.
9. O que dizem os responsáveis pelo hotel?
O assessor jurídico do hotel, Flavio Green Koff, afirma que a mulher era entendida como parte da família.
“O tempo foi passando, foi passando, e não tinha o que fazer com essa senhora. Vamos jogar na rua? O que fazer? Não tinha uma solução”, afirma.
O advogado diz ainda que a mulher “tinha uma vida normal, andava onde queria; tinha o seu quarto, não era cinco estrelas, evidentemente; não tinha banheiro no quarto, não era uma suíte, mas o banheiro dela ficava a 20 passos mais ou menos do quarto dela, em área coberta, não tinha problema nenhum”.
O hotel ainda nega que a mulher tenha permanecido como funcionária após a demissão, reforçando que a idosa apenas morava no local, com acesso livre e alimentação disponível.
10. Onde está a idosa hoje?
A família levou a idosa para Cachoeirinha no dia 2 de fevereiro. O advogado que representa os parentes dela afirma que a preocupação, neste momento, é com a saúde da mulher.
“Num primeiro momento, a família acolheu super bem a idosa, buscando tratamento médico pra ela, psicológico, dental, ela está bem abalada. É uma situação bem complicada”, comenta.
Segundo o delegado Marcelo Ferrugem, a idosa “apresenta algum comprometimento cognitivo, talvez sinais de Alzheimer”.
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