10 de maio de 2024 16:46

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FRAUDE NO HGP: Conversas interceptadas mostram médico negociando dinheiro para furar a fila de cirurgia; confira os trechos

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FRAUDE NO HGP: Conversas interceptadas mostram médico negociando dinheiro para furar a fila de cirurgia; confira os trechos
Operação da Polícia Civil e Gaeco investiga esquema de fura-fila no Hospital Geral de Palmas — Foto: Betânia Sousa/TV Anhanguera

Negociações e conversas interceptadas entre os presos na investigação do esquema de fura-fila no Hospital Geral de Palmas mostra como eles agiam. A operação indica que a fraude em filas de cirurgias no maior hospital público do Tocantins estava funcionando há pelo menos dois anos. O grupo tinha médicos e outros profissionais da saúde que cobravam até R$ 3 mil para priorizar o atendimento.

Na transcrição feita pelo Ministério Público, em uma das ligações, o médico Jorge Magalhães Seixas diz para um paciente que outro médico cobrará R$ 2 mil por uma cirurgia. O paciente diz que vai fazer e recebe a resposta, dizendo que o médico “é tranquilo”, porque trabalha no HGP, mas que ele “quer um negocinho”, porque não vai ficar com ninguém na frente.

Os quatro presos prestaram depoimento e serão encaminhados para a Casa de Prisão Provisória de palmas. O prazo da prisão é de cinco dias.

  • Augusto Ulhoa Florencio de Morais
  • Idael Aires Tavares
  • Jorge Magalhães Seixas
  • Railon Rodrigues da Silva

O advogado de Augusto Ulho disse que ele já prestou todos os esclarecimentos aos Promotores de Justiça que estão investigando o caso, respondendo todas as perguntas e renunciando ao sigilo telefônico, bancário, fiscal e financeiro para comprovar que não tem qualquer envolvimento com os crimes que estão sendo apurados. Disse também que ele não conhece os demais investigados, tendo relação estritamente profissional apenas com um deles.

A defesa de Railon Rodrigues da Silva disse que ele prestou colaboração integral, com muita tranquilidade e serenidade, e espera que tudo seja esclarecido muito em breve. Disse ainda que ele não teve acesso integral aos autos, que encontram-se em sigilo, e quando tiver vai se posicionar.

O advogado de Jorge Magalhães Seixas ainda não respondeu e a defesa de Idael Aires Tavares ainda não foi localizada.

A investigação é do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Tocantins, com apoio da Polícia Civil. A operação foi autorizada pelo juiz Luiz Zilmar dos Santos Pires, da 2ª Vara Criminal de Palmas.

Atualmente, somente o HGP tem 2.286 pessoas à espera de uma cirurgia. A fila em todo estado tem mais de 4,5 mil pacientes.

O esquema foi revelado após a análise de interceptações telefônicas autorizadas pela Justiça. Foram feitas buscas em endereços ligados aos quatro suspeitos nas cidades de Palmas, Ponte Alta do Tocantins e Uruaçu (GO). O setor administrativo do Hospital Geral de Palmas, onde as cirurgias teriam sido realizadas, também foi alvo da operação.

Segundo a denúncia, o médico Jorge Magalhães Seixas seria o responsável por cooptar os pacientes e intermediar as cobranças. O fisioterapeuta Railton Rodrigues da Silva ficaria responsável por receber o dinheiro e repassar aos demais integrantes do grupo. O médico Augusto Ulhoa receberia a propina para realizar as cirurgias.

No documento não há indicação de qual a profissão de Idael Aires Tavares, apenas a informação de que ele seria o responsável por encaminhar pacientes de Ponte Alta do Tocantins ao HGP para a realização dos procedimentos. O médico Jorge Seixas foi candidato a deputado estadual nas eleições de 2018 e não foi eleito.

O secretário estadual do Tocantins, Afonso Piva, esteve no HGP durante as buscas e afirmou que contribui com a operação. Em entrevista à TV Anhanguera ele disse que a Secretaria de Saúde não tinha conhecimento do esquema dentro da unidade e que uma a corregedoria também vai acompanhar a situação.

“Ficamos sabendo agora pela manhã da operação e fomos para lá. Nós temos uma corregedoria. Vamos abrir um processo na corregedoria referente aos servidores em conjunto. Temos interesse em fazer o que é certo”, disse o secretário.

O Hospital Geral de Palmas é a maior unidade de saúde pública do Tocantins, recebe pacientes de várias cidades. Eles costumam reclamar da demora na realização de procedimentos. Por causa da pandemia, as cirurgias eletivas ficaram suspensas e só foram retomadas em outubro de 2021.

Em dezembro do ano passado mais de 7 mil pessoas estavam na fila para realizar alguma cirurgia pelo SUS no Tocantins. Já em janeiro deste ano uma paciente que estava internada há 120 dias aguardando uma cirurgia ainda não sabia quando iria passar pelo procedimento.

Nota da Secretaria de Saúde na íntegra

Acerca da Operação policial deflagrada na manhã desta terça-feira, 15, nas dependências do Hospital Geral de Palmas em desfavor de alguns servidores da unidade, a Secretaria de Estado da Saúde (SES-TO) informa que está a disposição do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Tocantins (MPE), Polícia Civil e o próprio judiciário, para prestar todos os esclarecimentos – que forem pertinentes à Pasta – sobre a operação que investiga o possível esquema de cobrança indevida dentro do Hospital Geral de Palmas (HGP), para realização de cirurgias.

O Secretário de Estado da Saúde, Afonso Piva, e o diretor geral da Unidade, Leonardo Toledo, acompanharam a “Operação Betesda” dando total suporte para elucidação dos fatos. Os Agentes tiveram acesso aos documentos solicitados, como também, a prontuários médicos e demais documentos relativos aos encaminhamentos e procedimentos de pacientes. Paralelamente, o gestor determinou imediata abertura de sindicância – a ser instaurada pela corregedoria de saúde – a fim de apurar os fatos, obedecendo, logicamente, o princípio da ampla defesa aos investigados.

O Governo do Tocantins reafirma o compromisso da gestão pelo zelo na prestação dos serviços públicos de saúde, que são totalmente gratuitos. Por fim, a SES-TO reitera que não compactua com qualquer forma de corrupção ou ingerências, e não medirá esforços para que tais ações sejam coibidas na gestão pública tocantinense.

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