Com os olhos cheios de lágrimas, Maria de Lurdes Coelho, já aposentada, fala sobre seu dia-a-dia durantes seis anos. A mesma espera por um procedimento cirúrgico no quadril e desde dezembro passou pelos exames para fazer a operação, no entanto, até o momento ainda não foi chamada.
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“Eu aqui só esperando. A gente tem hora que falta desesperar. E vai levando aqui, eu vivo mais só deitada. Vou mexer de um lado para o outro e dói demais e estrala”.
Dona Maria não sabe em que posição está na fila de espera, mas conta que no final de 2021, recebeu a proposta de pagar R$ 26 mil para que o procedimento fosse adiantado e ela fosse operada dentro do Hospital Geral de Palmas. Ela não aceitou. “Eu fiquei assim analisando e disse – esse negócio não está certo, não vou fazer. Ainda me ligaram, perguntando”.
A Secretaria de Estado da Saúde disse que desde outubro de 2021 mais de dois mil procedimentos cirúrgicos foram realizados e que a Maria de Lurdes ainda aguarda uma consulta pré-cirúrgica. Sobre a denúncia de pedido de dinheiro, afirmou que ela deve procurar a ouvidoria para denunciar.
A fila de espera por uma cirurgia pela rede pública no Tocantins tem mais de 4,5 mil pessoal. Deste total, cerca de 2 mil aguardam para serem operadas no HGP. Enquanto isso, de acordo com a investigação do Ministério Público, médicos e outros profissionais tinham um esquema para fura a fila da regulação para os pacientes que pagassem.
A organização criminosa atuava há pelo menos dois anos e cobrava até R$ 3 mil para fazer cirurgias. Áudios interceptados pelo grupo de operações do MP mostram como a fraude funcionava. Em um deles, o médico fala: “cê quiser fazer é desse jeito aí; mas ele cobra 2 mil”;
Quatro pessoas foram presas na primeira fase da operação. Entre elas o médico de carreira da Secretaria Estadual da Saúde, Jorge Seixas, que é apontado pelos promotores como o agente que cooptava pacientes por meio de agentes públicos e privados, em várias regiões do estado, além de fazer cobranças e pagar os médicos envolvidos no esquema.
O médico, segundo o portal da transparência recebe um salário bruto de mais de R$ 30 mil. Outro médico Augusto Ulhoa Florêncio de Morais, também é investigado por receber propina para operar no hospital público ganhando vantagens indevidas. O terceiro investigado é o fisioterapeuta concursado, Railon Rodrigues da Silva, que só da função de concursado recebe salário de R$ 6 mil.
Idael Aires Tavares, também foi preso durante a operação Betesda. Todos foram ouvidos pela polícia civil e encaminhados para a casa de prisão provisória de Palmas.
Os servidores públicos do estado do Tocantins, segundo o secretário da saúde, Afonso Piva, vão responder a uma sindicância interna. Além de sofrer penalidades administrativas, todos podem responder por crimes na justiça. Para os servidores públicos a pena pode ser agravada.
As informações são do G1 Tocantins.