10 de maio de 2024 02:56

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Dólar cai a R$ 5 e tem menor patamar em 10 meses, após inflação abaixo do esperado no Brasil

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Dólar cai a R$ 5 e tem menor patamar em 10 meses, após inflação abaixo do esperado no Brasil

O dólar fechou a sessão desta terça-feira (11) em forte queda, voltando aos R$ 5,00 e no menor patamar desde 10 de junho de 2022, quando havia encerrado em R$ 4,9871.

Investidores repercutiram o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que veio abaixo do esperado pelo mercado, e se animaram com a perspectiva de que uma queda de juros possa estar mais próxima.

Ao final da sessão, a moeda norte-americana caiu 1,17%, cotada a R$ 5,0067. Na mínima do dia, chegou a R$ 4,9894. Veja mais cotações.

Na véspera, o dólar teve alta de 0,17%, cotada a R$ 5,0660. Com o resultado de hoje, o dólar passou a acumular perdas de 1,23% no mês e de 5,14% no ano.

Sob o mesmo efeito, o Ibovespa fechou em forte alta, aos 106 mil pontos.

O que está mexendo com os mercados?

O destaque da agenda hoje é interno, com o resultado do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O indicador subiu 0,71% em março, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). A expectativa de mercado era de alta de 0,77%.

Com isso, o país passa a ter uma inflação acumulada de 4,65% na janela de 12 meses. É o menor valor para 12 meses desde janeiro de 2021.

O grande destaque no mês foi aumento da gasolina, que subiu 8,33% e teve impacto individual de 0,39 ponto percentual (p.p.) no índice. Trata-se de um efeito da reoneração dos combustíveis, determinada pelo governo federal no fim de fevereiro.

O grupo de Transportes teve a maior alta do índice em março, com a subida de 2,11% no mês. O segmento registrou impacto de 0,43 ponto percentual no IPCA. Além da gasolina, o etanol teve alta de 3,20% em março. No acumulado de 12 meses, contudo, ambos têm quedas de 22,06% e de 19,28%, respectivamente.

O resultado do IPCA vem na sequência de um avanço de 0,84% em fevereiro — uma desaceleração, portanto.

Mas, uma das principais preocupações dos economistas, o Índice Serviços do IPCA teve alta de 0,25% em março. Também é uma redução de ritmo relevante em relação a fevereiro, quando subiu 1,41%, mas a variação em 12 meses está acima do IPCA, marcando 7,63%.

“Os destaques são ativos mais ligados a juros, tendo em vista essa leitura de IPCA mais fraco em conjunto com o arcabouço fiscal, que também foi visto de maneira positiva pelo mercado”, diz Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

“O Brasil não havia aproveitado o momento de melhora nos ativos de risco, esperando o arcabouço. Agora, temos a recuperação de setores com peso no índice e que tinham voltado lá fora, como os bancos. Agora, com inflação mais baixa, varejistas e incorporadoras também se beneficiam com a queda de juros”, afirma.

O analista lembra que o dólar passa por um momento de fraqueza desde o chacoalho no setor bancário dos Estados Unidos, após a quebra do Silicon Valley Bank (SVB) e do Signature. Havia a perspectiva de que o Federal Reserve (Fed) fosse obrigado a parar a alta de juros para garantir a solvência das demais instituições financeiras.

Mas dados fortes da economia americana colocaram a hipótese de lado. Na semana passada, por exemplo, a taxa de desemprego do país caiu para 3,5% em março, indicando força do mercado de trabalho.

Por isso, amanhã todos os olhos estão voltados para dados de inflação nos Estados Unidos, com economistas prevendo que os preços ao consumidor cresceram 5,2% em março na base anual, após aumento de 6,0% em fevereiro. No entanto, o núcleo dos preços deve ter subido 5,6%, um ritmo ligeiramente mais rápido em comparação com os 5,5% de fevereiro.

Qualquer dado forte no relatório de inflação deve alimentar apostas de que o Federal Reserve continuará elevando os juros em sua próxima reunião de política monetária, no início de maio. Atualmente, os mercados futuros já precificam cerca de 70% de chance de o banco central norte-americano subir sua taxa básica em 0,25 ponto percentual.

Na China, a inflação ao consumidor atingiu uma mínima em 18 meses e a queda nos preços ao produtor acelerou em março. Em contraste com as demais economias desenvolvidas, a demanda no país permaneceu fraca, reforçando o argumento de que as autoridades talvez precisem tomar mais medidas para sustentar a recuperação econômica depois do impacto da pandemia.

O índice de preços ao consumidor subiu 0,7% na comparação anual, o ritmo mais lento desde setembro de 2021 e mais fraco do que o avanço de 1,0% em fevereiro, informou o Escritório Nacional de Estatísticas nesta terça-feira. O resultado ficou aquém do aumento de 1,0% apontado em uma pesquisa da Reuters.

O índice de preços ao produtor caiu 2,5% em relação ao ano anterior, o ritmo mais rápido desde junho de 2020 e em comparação com uma queda de 1,4% em fevereiro. O índice registra recuo agora por seis meses consecutivos.

A inflação dos preços dos alimentos, um dos principais impulsionadores da inflação ao consumidor, desacelerou para 2,4% em relação ao ano anterior, de 2,6% no mês anterior. Na comparação mensal, os preços dos alimentos caíram 1,4%.

“O relatório de inflação da China em março sugere que a economia chinesa está passando por um processo de desinflação, apontando para um espaço maior para flexibilização da política monetária para impulsionar a demanda”, disse Zhou Hao, economista da Guotai Junan International, à Reuters.

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