O dólar fechou em queda nesta quarta-feira (23), engatou o sexto dia de negócios seguido de baixa e chegou ao menor valor em dois anos. A queda vem conforme os investidores continuam a enxergar o país como atraente para investimentos.
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A moeda norte-americana recuou 1,43%, cotada a R$ 4,8438. Trata-se do menor patamar de fechamento desde 13 de março de 2020 (R$ 4,8127). Veja mais cotações.
Na terça-feira, o dólar fechou em queda de 0,60%, a R$ 4,9140. Com o resultado desta quarta, passou a acumular queda de 6,06% no mês. No ano, tem baixa de 13,11% frente ao real.
O que está mexendo com os mercados?
No exterior, o preço do petróleo subiu novamente, com o Brent negociado ao redor de US$ 120 o barril.
Com a guerra na Ucrânia prestes a completar um mês, vários investidores têm mostrado preocupação com possível interrupção da oferta de commodities, o que impulsionou o preço de produtos do milho ao petróleo desde o fim de fevereiro.
Nesse contexto, ativos de países exportadores de commodities vistos como menos vulneráveis às tensões geopolíticas, como os da América Latina, incluindo o real, têm se beneficiado. Outras divisas da região, como pesos chileno, peso colombiano e sol peruano, acumulam ganhos expressivos contra o dólar em 2022.
Os juros em patamares elevados no Brasil e o diferencial em relação aos juros nos EUA e outras economias também têm contribuído para o fluxo de dólares para o país e para a valorização do real em 2022. O Brasil possui atualmente a segunda maior taxa de juros reais no mundo, atrás somente da Rússia.
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central avaliou que o conflito entre Rússia e Ucrânia pode ter consequências de longo prazo para a inflação, o que pode exigir uma alta ainda maior da taxa básica de juros brasileira, atualmente em 11,75% ao ano. As observações constam na ata da última reunião do comitê, divulgada na véspera.
Os investidores monitoram também a trajetória dos juros na economia global. O banco central dos Estados Unidos elevou os juros em 0,25 ponto percentual na semana passada, e algumas de suas autoridades têm repetido que estão dispostas a, eventualmente, aumentar a dose de ajuste para 0,5 ponto.
“O real tende a continuar se apreciando e a não ser que se tenha alguma reversão nestes vetores podemos ver ainda mais quedas no dólar”, avaliou o economista-chefe da Necton, André Perfeito. A casa mantém, porém, projeção de dólar a R$ 5 ao final do ano “por dois motivos, a saber, elevação dos juros nos EUA ao longo de 2022 e o pleito eleitoral no segundo semestre”.