Nascido o dia 23 de outubro de 1940, em Três Corações, em Minas Gerais, Pelé era filho do meio do ex-jogador João Ramos do Nascimento, mais conhecido como Dondinho, falecido em 1996, e de Celeste Arantes. A irmã mais velha é Maria Lúcia e Jair, o Zoca, falecido em 2020, o irmão mais novo.
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Na infância, devido à origem humilde, Pelé chegou a fazer bicos como entregador de botas, vendedor de pastéis e engraxate. Na época, ele ganhou o apelido de Dico, como é chamado pelos familiares até os dias atuais.
Pelé descobriu o futebol por causa do pai. João Ramos do Nascimento jogou no Atlético-MG e no Fluminense, mas uma lesão no joelho o impediu de prosseguir no time. Já no fim de carreira, ele foi convidado para atuar no Bauru Atlético Clube (BAC). Por isso, em 1945, a família mudou-se para Bauru, no Estado de São Paulo.
Pelé, no entanto, diz que nunca esqueceu das raízes mineiras. Por vezes, em entrevistas, se dizia um homem “de três corações”. “Sou mineiro, embora tenha poucas lembranças, talvez nenhuma, do lugar onde nasci. A cidade propriamente dita só conheci quando já era homem”, comentou.
Em Bauru, Pelé começou a jogar futebol. Ele passou pelos times amadores Sete de Setembro, Vai-quem-quer, Canto do Rio, Ameriquinha, São Paulinho de Curuçá, Radiun, BAC e pelo infantil do Noroeste. Com bola de borracha ou de meia, o talento do garoto já era evidente.
Aos 12 anos, ele foi visto por um olheiro e foi convidado para fazer um teste no juvenil do Bauru. O Rei ganhou o apelido de Pelé porque sempre mencionava durante as peladas o nome do goleiro Bilé, do Atlético de Três Corações.
Quando Pelé estava no BAC, segundo o jornalista Luiz Carlos Cordeiro, autor do livro De Edson a Pelé, a Infância do Rei em Bauru, ele foi oferecido ao Santos pelo técnico Waldemar de Brito. De acordo com o jornalista, três fatores definiram a vinda de Pelé para o Peixe: a amizade de Brito com dirigentes santistas, o trabalho de base feito pelo time da Vila Belmiro e a tranquilidade da cidade de Santos, que tinha 200 mil habitantes naquela época.
Contudo, não foi tão simples. Pelé precisou convencer a mãe Celeste, que não queria mais um jogador na família, pois a experiência do pai não havia sido das melhores. Para ela, Pelé, então com 15 anos, deveria estudar e ser professor em Bauru. No entanto, Waldemar de Brito conseguiu reverter o quadro.
Em 1956, os pertences de Pelé foram arrumados numa pequena mala e ele fez uma viagem de trem de Bauru a São Paulo, na companhia de Waldemar e Dondinho. Na capital paulista, eles pegaram o ônibus para Santos, onde Pelé morou em uma pensão. Logo que chegaram, eles foram para a Praia do Gonzaga e mataram a curiosidade em saber se a água do mar era mesmo salgada.
Santos Futebol Clube
Nas primeiras semanas no Santos, Pelé ficava admirando Pepe, Zito e Del Vecchio, entre outros. Na época, ele ganhou um apelido de Gasolina, o moleque de recados que comprava cigarros para o time.
No Santos, Pelé se decepcionou e, por pouco, não foi embora após uma partida decisiva. A equipe amadora disputava a partida final do Campeonato Santista, promovido pela Liga de Futebol Amador de Santos.
Nessa partida decisiva, quem estava apitando era o jovem Romualdo Arpi Filho, com 17 anos, e que tinha o apelido de Ganso. Em 1986, Romualdo, santista, apitou a final da Copa do Mundo, entre Argentina e Alemanha, vencida pelos argentinos por 3 a 2, no México.
Ele, prestes a completar 16 anos, foi encarregado de bater um pênalti que, se convertido, daria ao Santos o título. O jovem atacante desperdiçou a cobrança, mandando a bola por de cima do travessão do goleiro Fininho. Após a partida, Pelé arrumou a mala e, na madrugada, tentou deixar o alojamento da Vila Belmiro. Só que em seu caminho apareceu Sabuzinho, o roupeiro, que o impediu.
No Santos, Pelé iniciou uma carreira de 18 anos. Ele pisou no gramado da Vila Belmiro pela primeira vez em 1956 e despediu-se dele em 1974.
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