Mesmo com 95% da obra concluída, a ponte que liga Xambioá (TO) a São Geraldo do Araguaia (PA) ainda não tem data definida para ser entregue à população. A estrutura sobre o Rio Araguaia, que integra a BR-153, depende agora da construção dos acessos — impedida por pendências de desapropriação no estado do Pará. A previsão do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) é que a entrega ocorra no segundo semestre de 2025, mas o cronograma segue indefinido.
No lado tocantinense, os processos de desapropriação foram concluídos no primeiro semestre deste ano. Já no Pará, as primeiras audiências de conciliação com os moradores afetados estão agendadas apenas para os dias 6 e 7 de agosto. Enquanto isso, a população continua utilizando balsas para atravessar o rio — alternativa que nesta semana voltou a apresentar riscos.
Na última segunda-feira (14), uma balsa carregada com caminhões e um ônibus colidiu com um dos pilares da ponte em construção. Segundo a empresa responsável pela travessia, a Pipes Empreendimentos, o acidente foi causado por uma falha mecânica no rebocador, agravada pela força dos ventos e pela estiagem que estreitou o canal de navegação. Não houve feridos, mas a embarcação foi retirada de operação até a conclusão de perícia da Marinha, o que tem provocado filas na travessia.
A obra e os custos
O projeto da ponte foi anunciado em 2017, ainda no governo Michel Temer. Inicialmente orçado em R$ 132 milhões, o custo da obra saltou para R$ 204,2 milhões, sem incluir os R$ 28,6 milhões destinados à construção dos acessos, que também enfrentaram atrasos por disputas judiciais e reavaliações contratuais. Com isso, os custos totais ultrapassam os R$ 232,8 milhões.
Com 1.724 metros de extensão, a estrutura deve beneficiar mais de 1,5 milhão de pessoas na região norte do Tocantins e sul do Pará. O consórcio responsável pela construção é formado pelas empresas A. Gaspar, Arteleste e V. Garambone.
Os acessos à ponte terão 2.010 metros de extensão — sendo 310 metros no Pará e 1.700 metros no Tocantins —, com pista de 12 metros de largura, acostamento e calçadas de 1,5 metro de cada lado. Haverá ainda vias marginais para facilitar o fluxo de veículos.
Transtornos persistem
Enquanto a ponte não é liberada, a travessia do Rio Araguaia segue sendo feita por balsas, que enfrentam dificuldades operacionais. O incidente desta semana com a balsa acentuou o congestionamento nos dois lados da travessia. A Capitania Fluvial do Araguaia-Tocantins abriu inquérito para apurar o acidente e a liberação da embarcação só deve ocorrer após 90 dias, prazo máximo para conclusão da investigação.
A Marinha do Brasil reafirmou seu compromisso com a segurança da navegação e exigiu da empresa a apresentação de um Certificado de Segurança da Navegação (CSN) para comprovar que a embarcação está apta a voltar a operar.
Expectativa
Apesar dos atrasos e dos custos elevados, o DNIT informou que está empenhado na conclusão da obra e reforçou que a ponte deve ser funcional ainda este ano. A estrutura é estratégica para o escoamento da produção agrícola e para a integração logística entre os dois estados. A população, no entanto, segue aguardando o desfecho de mais um capítulo de uma obra que já ultrapassou prazos, valores e paciência.
Tem algo para contar? 🚨 Sua história pode virar notícia! Fale com a nossa redação pelo WhatsApp (63) 9 9274-5503 ou envie um e-mail para [email protected]