É em um apartamento luxuoso, em Santana, na zona norte de São Paulo (SP), que Anna Carolina Jatobá, condenada pela morte de Isabella Nardoni, vive há dois meses, desde que deixou o presídio em Tremembé, no interior de SP, para cumprir a pena no regime aberto.
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O imóvel, que pertence ao sogro Antônio Nardoni, foi declarado por Anna Carolina à Justiça como sua residência, durante o processo que determinou a progressão para o regime aberto, no final de junho deste ano.
A decisão considerou que Anna Jatobá tem “amparo familiar, com possibilidade de, em meio aberto, receber o tratamento psicoterápico necessário para auxiliá-la em seu processo de reintegração social”.
Em outubro do ano passado, um relatório, assinado por um assistente social, apontou que Anna afirmou ter planos para o futuro, como, por exemplo, abrir um ateliê para fabricar pijamas e roupas para pets. O relatório serviu como um dos documentos para embasar o pedido de regime aberto.
Um mês depois, em 23 de novembro, um exame psiquiátrico também mostrou as intenções de Anna Carolina em se reintegrar na sociedade, citando, inclusive, o relacionamento com Alexandre Nardoni.
Segundo o documento, Jatobá negou o crime e afirmou que mantinha uma relação de afeto com Isabela Nardoni.
“Quando ela ficava comigo, eu cuidava como se fosse a minha filha”.
Jatobá revelou que tem tatuagens no corpo em homenagem a Isabella, Alexandre e seus dois filhos. A tatuagem foi feita na primeira vez que obteve o benefício da saída temporária e que são uma forma de referência afetiva.
Ainda no exame, ela disse que seguia com o relacionamento com Alexandre e que o encontrava durante as saídas temporárias, na casa dos pais de Nardoni e que também trocavam correspondências.
Em relação ao futuro, Jatobá afirmou que pretende fazer faculdade de Designer de Moda, utilizando a experiência que adquiriu no presídio. Antes, porém, quer ajudar na construtora do sogro, negócio da família.
O Ministério Público de São Paulo entrou com recurso contra o regime aberto para Jatobá, mas ainda não foi julgado. A defesa de Anna Carolina Jatobá não quis comentar.
Regras do regime aberto
Ao todo, Anna Carolina Jatobá acumulou 22 saídas temporárias, além de ter trabalhado por 13 anos na oficina de confecção da Funap enquanto estava presa. A decisão do regime aberto apontou que ela não cometeu faltas disciplinares e “teve ótimo comportamento carcerário” enquanto presa.
Para o benefício, porém, Jatobá tem que seguir algumas regras. Veja abaixo quais são as regras estabelecidas para a progressão de Anna Carolina:
- comparecer imediatamente à Vara de Execuções Criminais para retirada de sua carteirinha;
- recolher-se à sua habitação durante o repouso noturno, das 20h às 6h;
- não se ausentar da cidade onde reside sem autorização do juízo, nem mudar de endereço sem comunicação prévia;
- obter ocupação lícita no prazo de 60 dias, desde que seja apta para o trabalho;
- comparecer, trimestralmente, para informar sobre suas atividades, devendo no prazo acima estabelecido comprovar que obteve ocupação lícita;
- não frequentar bares, casas de jogo e outros locais de frequência incompatível com o benefício.
Crime
Anna Carolina e Alexandre Nardoni foram condenados pelo assassinato de Isabella Nardoni em março de 2010, mas estavam presos desde 2008. O caso aconteceu na noite do dia 29 de março de 2008, quando a menina de apenas cinco anos foi jogada pelo pai e pela madrasta da janela de um apartamento na capital.
Isabella caiu do sexto andar do apartamento onde morava o casal Nardoni, no Edifício London. Para a investigação, porém, não foi uma queda acidental, mas sim um homicídio. A menina foi agredida e, achando que estava morta, foi arremessada.
O pai foi condenado a mais de 30 anos de cadeia e a madrasta a 26 anos de prisão, cumprindo pena na Penitenciária Santa Maria Eufrásia Pelletier, a P1 feminina de Tremembé (SP).
Jatobá trabalhou como costureira na penitenciária no interior de São Paulo e conseguiu reduzir a pena. Em 2017, ela progrediu ao regime semiaberto e, antes do regime aberto, era beneficiada com as saidinhas temporárias.
À época, quando foi submetida a testes para progressão do regime, Jatobá afirmou ser inocente e disse desejar que a verdade sobre o caso apareça.
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