A internet hoje, principalmente as redes sociais, são ambientes de inúmeros conteúdos de todas as formas e gostos, com acesso quase que instantâneo e sem restrições por quem tem um dispositivo e uma boa rede wifi. Desde meados dos anos de 2010 a 2015 houve a chamada “democratização da internet” o que permitiu os conteúdos aumentarem ainda mais, assim, o número de usuários, incluindo crianças e adolescentes. A preocupação dos pais, justificavelmente, aumentou também.
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Hoje uma criança com um smartphone, acessando a internet, consegue assistir desde vídeoaulas até material de conteúdo adulto, com apenas um clique de “estou ciente, tenho mais de 18 anos”, pesquisas levantadas sobre conteúdos adultos, dão conta de que o controle de faixa-etária é extremamente frágil, quase como uma barreira burocrática, com quase zero de restrição. Sem falar em conteúdos de violência, de viés extremista e criminoso, todos esses dados disponíveis nesse lugar com pouca regulação, disponível a quem acessar. Muitos dos ataques de adolescentes às escolas foram planejados e incentivados em redes sociais. Com isso surge o questionamento: Até que ponto a supervisão dos pais e o direito de privacidade se aplicam às crianças e adolescentes?
Uma vez que muitos psicólogos e especialistas apontam que é necessário para a formação do indivíduo ter certo nível de privacidade em sua casa, desde os primeiros anos, como forma de compreender que este possui sua individualidade e deve desenvolver senso de responsabilidade, ao mesmo tempo, não se trata apenas de “privacidade”, mas segurança aos próprios indivíduos, uma vez que na internet o primeiro risco (também o mais perigoso) que os usuários correm é de perder sua privacidade. Por outro lado, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) estabelece a responsabilidade dos pais ou responsáveis em garantir a proteção e orientação das crianças e adolescentes em relação aos conteúdos online, bem como em outras situações.
Dessa forma, cabe a discussão do questionamento, no segundo parágrafo, será que seria algo humilhante ao filho(a) manter a porta de seu quarto aberta, enquanto estiver lá? Entregar seus dispositivos para serem verificados frequentemente por seus pais ou responsáveis? Muitos dirão que isso acaba por esgotar a sensação de confiabilidade da criança e adolescente em relação aos seus pais, fazendo-os sentir que estão em situação de plena e constante vigilância, como a um criminoso. Compreende como não se trata de algo de simples resolução? Se trata de dois seres humanos estabelecendo meios de convívio e confiança mútua.
Precisamos compreender que o relacionamento familiar deve ser construído, sim, através de respeito e confiança mútuos, mas que isso ocorre de maneira paulatina e muito diálogo, a fim de que os regulamentos sejam enfraquecidos com o fortalecimento do relacionamento.