Todos os dias milhões de pessoas utilizam aparelhos e serviços dos quais não fazem ideia de como funcionam, não estou dizendo que você não saiba como comprar uma passagem de avião ou navio, mas duvido que saiba explicar como eles voam e flutuam, você compra a passagem, embarca e faz sua viagem, mesmo sem entender exatamente como aquela máquina de toneladas voa pelo céu com você dentro. Da mesma forma, possivelmente você está lendo este artigo por um aparelho celular ou computador que é bem possível não saber como esse pequeno dispositivo pode fazer tanta coisa.
A verdade é que saber como funciona ou do que é feito não é algo fundamental para nossa vida, o importante é que funcione e que saibamos utilizar, não é? Então, não é não!
Nosso mundo é composto por pessoas que precisam, compram e utilizam coisas e aquelas outras pessoas (geralmente uma parcela extremamente menor) que pensam, desenvolvem e criam coisas. Estes últimos acabam sendo os que possuem boa parte da riqueza do mundo e não precisam se preocupar com coisas básicas, como: educação, saúde, moradia e comida, pois os seus bilhões na conta lhes garante tudo que precisam. Nesse sentido, por que as pessoas quase nunca possuem curiosidade sobre isso e se contentam apenas com o fato de poderem ostentar seu Iphone?
A busca pelo entendimento profundo de como as coisas funcionam, ou até mesmo a curiosidade sobre isso, muitas vezes é deixada de lado. Isso acontece por uma série de fatores. Primeiro, o ritmo acelerado da vida moderna nos condiciona a valorizar mais a praticidade e a conveniência do que o conhecimento técnico. O fato de algo funcionar e ser acessível é o suficiente para a maioria. As pessoas são incentivadas a consumir, a adquirir bens e serviços, mas raramente são incentivadas a compreender os mecanismos por trás dessas criações.
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Segundo, o sistema econômico e educacional muitas vezes não estimula o pensamento crítico ou a busca pelo “como” e “porquê”. Em vez disso, ele premia o consumo e o uso eficiente das ferramentas que já existem. No entanto, essa postura gera um distanciamento entre quem consome e quem cria, concentrando o conhecimento e o poder nas mãos de uma minoria que domina essas áreas de desenvolvimento tecnológico.
O fato de a maioria das pessoas não ter curiosidade sobre como as coisas funcionam pode ser resultado de uma combinação de educação limitada, conveniência e uma cultura de consumo que não valoriza o aprofundamento no conhecimento técnico. Contudo, isso pode gerar uma dependência excessiva de tecnologias que as pessoas não compreendem e, por consequência, um desequilíbrio de poder entre criadores e usuários.
Não é necessário que todos se tornem especialistas ou desvendem os mistérios por trás das tecnologias e sistemas complexos que usamos diariamente. No entanto, devemos cultivar uma postura mais questionadora e consciente sobre o que consumimos e como essas inovações moldam o mundo ao nosso redor. Ao menos, devemos perguntar: ‘De onde vem isso? Quem se beneficia? Qual é o impacto disso na minha vida e na sociedade?’. Compreender que somos mais do que simples consumidores nos dá o poder de pensar criticamente e fazer escolhas mais conscientes, em vez de aceitar cegamente tudo o que nos é oferecido. Afinal, é através desse despertar para o questionamento que começamos a moldar o nosso papel no mundo, não apenas como usuários, mas como indivíduos conscientes.